Marcha da Maconha reúne 200 pessoas em Londrina
Movimento pede a descriminalização da droga e o direito do plantio para consumo próprio
Cerca de 200 pessoas reuniram-se neste domingo (6) na Concha Acústica para participar da Marcha da Maconha. O movimento acontece anualmente em Londrina desde 2015 e a reivindicação dos ativistas é pela descriminalização da droga e pelo direito de plantio para consumo próprio. Durante o ato, os participantes reforçaram que quem fuma a planta não é traficante e defenderam o fim da prisão de usuários. Após a concentração na Concha, eles seguiram em passeata até o Zerão.
“A gente não quer a legalização. A legalização pode ter leis que impedem que se compre. A gente quer a liberdade de poder cultivar para consumo. A maconha não é consumida somente como cigarro, mas pode ser em forma de chá ou frita na manteiga e utilizada em receitas culinárias. Tem vários usos além do recreativo, inclusive para redução de danos”, defendeu um dos participantes e que atuou na organização das duas primeiras edições da Marcha da Maconha em Londrina. “É ridículo não dizer meu nome, mas ainda tem muita perseguição política e pessoal pelo nosso posicionamento. Sofremos muito preconceito”, disse ele, justificando o anonimato.
“Comecei a fumar aos 13 anos com os meus amigos e hoje fumo com meu pai, que também é adepto. Ele prefere que eu fume em casa, com ele, a ficar nas ruas e acabar sendo presa ou apanhando da polícia. Aqui, hoje, a gente quer mostrar que ninguém fuma maconha para ficar alterado, mas para ficar de boa, tirar o estresse. Eu fumo e tenho uma vida normal, tenho minha casa, minha família, trabalho, sou uma pessoa comum”, ressaltou Michele Refundini, 21. “A gente está aqui, querendo fumar em público e mostrar que é uma coisa natural”, disse o promotor de vendas Guilherme Salviano.
Antonio Rantim, 74, mora perto da Conha Acústica e estava passando pelo local quando viu a movimentação de pessoas e decidiu parar para acompanhar. Ele respeita o posicionamento defendido pelos ativistas, mas disse não concordar com a descriminalização da maconha. “É uma faca de dois gumes que corta muito mais de um lado que do outro. A porcentagem para o bem é 30% e para o mal é 70%. Tem os efeitos benéficos, como está provado cientificamente, mas o lado ruim é maior. Mas a vida é propriedade de cada um e cabe a cada um destruí-la ou não”, afirmou.
Durante todo o ano os simpatizantes da causa realizam encontros semanais para discutir o tema. Os encontros acontecem sempre aos domingos, no Zerão, e as discussões também são fomentadas nas redes sociais, na página do Coletivo Marcha da Maconha Londrina. Desde 2015 a Marcha acontece na cidade.