ONU denuncia torturas e uso de força excessiva
As forças de segurança da Venezuela têm utilizado força excessiva - assim como torturas - para reprimir os protestos contra o ditador Nicolás Maduro, provocando a morte de dezenas de pessoas desde abril, quando as manifestações passaram a ser diárias, disse nesta terça-feira (8) o Escritório do Alto Comissário da ONU (Organização das Nações Unidas) para Direitos Humanos.
De acordo com a entidade, 5.051 pessoas foram presas arbitrariamente no período - mais de mil continuam detidas. A ONU realizou entrevistas a distância com vítimas e familiares, além de testemunhas, jornalistas, advogados, médicos e um funcionário da Procuradoria Geral, já que as autoridades da Venezuela vetaram o acesso ao país aos investigadores da organização.
A ONU investigou 124 mortes no país, das quais 46 foram atribuídas às forças de segurança venezuelanas e 27 a grupos armados pró-governo, enquanto a causa das outras não está clara. “Nos preocupa que a situação na Venezuela esteja piorando e que essas violações aos direitos humanos não mostrem sinais de diminuição, de forma que estamos preocupados com a direção para a qual segue”, disse a porta-voz do órgão, Ravina Shamdasani, em Genebra, na Suíça. “A responsabilidade pelas violações aos direitos humanos que estamos denunciando recaem sobre o mais alto nível do governo.”
Em relação aos detidos, a ONU denunciou a prática de tortura, com o uso de “choques elétricos, a prática de suspender os réus pelos pulsos durante períodos prolongados, asfixiá-los com gases e ameaças de morte - e em alguns casos com violência sexual- a eles e a seus familiares”.
O Alto Comissário pediu às autoridades venezuelanas “o fim imediato ao uso excessivo da força contra os manifestantes, que cessem as detenções arbitrárias e libertem todas as pessoas que foram detidas arbitrariamente”.