Número de doadores de órgãos cresce 11,8% no Brasil; PR tem 2a maior taxa
ABTO comparou dados do primeiro semestre de 2017 com os do mesmo período no ano passado. Paraná foi destaque na taxa de doadores efetivos, atrás apenas de Santa Catarina, e no índice de notificações de morte encefálica, superior ao de países desenvolvidos
Onúmero de doadores de órgãos efetivos no País cresceu 11,8% no primeiro semestre de 2017 em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo a ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), a quantidade de doadores efetivos passou de 14,6 pmp (por milhão de população) para 16,2 pmp. A meta para o ano é chegar a 16,5 pmp. É considerado doador efetivo o paciente que tem o órgão retirado em condições de ser transplantado.
O Paraná é um dos Estados com maior taxa de doadores efetivos. São 34,3 pmp, ficando atrás apenas de Santa Catarina, que tem 37 pmp. Outro destaque paranaense é em relação às notificações de morte encefálica, que permitem dar início ao protocolo de doação. A taxa do Estado foi de 100 notificações por milhão de população no primeiro semestre do ano, índice mais elevado do que o de países desenvolvidos, que varia de 30 a 55.
De acordo com a coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Arlene Badoch, o número de doadores no Paraná vem aumentando. Ela explica que a notificação de doadores potenciais é importante. A partir desta informação, o hospital segue um protocolo, que passa pelo diagnóstico da morte cerebral, avaliação das condições do paciente e entrevista com a família, que autoriza ou não o processo para efetivar o doador.
No último semestre, a ABTO registrou 565 notificações de morte encefálica e 193 doadores efetivos no Estado. “São vários motivos que impedem a efetivação, como a parada cardíaca do doador, situação do órgão ou a negação da família”, explicou a coordenadora. Badoch enfatizou a importância de que o potencial doador fale sobre o assunto dentro de casa. “Se a família não souber que você é um doador, eles não doam”, destacou.
Enquanto Estados do Sul, Sudeste e Distrito Federal lideram os rankings de notificação, a Região Norte está abaixo das expectativas. “As performances e educação dos profissionais de saúde para compreender que o indivíduo é um potencial doador são as principais questões que diferem as regiões”, analisou a médica Tainá de Sandes, da diretoria da ABTO.
De acordo com as estatísticas, o Amapá não teve nenhuma notificação no primeiro semestre, Tocantis informou cinco potenciais doadores e Roraima, sete. “Não é porque morrem menos pessoas lá. Se não há essa informação, não tem doadores”, acrescentou.
Segundo a ABTO, após as etapas de diagnóstico do doador, 43% das famílias entrevistadas recusaram a doação. “É muito se considerarmos que vivemos em um país em que não há entraves culturais. Esbarra no fato de que a família nega porque simplesmente desconhece o processo”, afirmou.
Atualmente, a legislação brasileira não autoriza a doação de órgãos apenas com a manifestação do doador em vida - é necessária a aprovação da família. “Não adianta querer tatuar, escrever carta, é preciso deixar a família consciente do seu desejo. Se a família entender que com apenas um doador é possível salvar várias vidas, talvez ela entenda a importância da autorização”, finalizou.
No Paraná, o índice de recusa foi de 34%. O Maranhão obteve o maior índice, com 69%. Em âmbito nacional, houve crescimento nos transplantes de rim (5,8%), fígado (7,4%) e córneas (7,6%) e diminuição nos de coração (3,6%), pulmão (6,5%) e pâncreas (6,0%) no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2016.