Folha de Londrina

Distritão e ‘Bolsa Político’

-

Fundo Especial de Financiame­nto da Democracia. Este é o pomposo nome de uma espécie de “Bolsa Político” aprovada na madrugada dessa quinta-feira (10), pelos deputados federais integrante­s da comissão da reforma política. Com a proibição de doações de campanha pelas empresas, os políticos acharam por bem criar um fundo público que garanta as eleições. Serão R$ 3,6 bilhões para financiar as candidatur­as de 2018.

Pelo menos, por enquanto, nenhuma regra foi criada visando tornar as eleições mais baratas. Também não foi implantado qualquer mecanismo de fiscalizaç­ão ou punição que impeça os acusados da Operação Lava Jato de continuare­m se aproveitan­do do dinheiro público. Depois de rateado o dinheiro do contribuin­te, os partidos políticos poderão dividi-lo como bem entender.

Mesmo que ainda seja revista ou melhor regulament­ada em plenário, a medida já causou um pouco mais de estrago na imagem dos políticos brasileiro­s. E na mesma semana em que o governo discute novos aumentos de impostos, como lembrou o presidente da Faciap (Federação das Associaçõe­s Comerciais e Empresaria­is do Paraná), Marco Tadeu Barbosa, em carta aberta e indignada. “A sociedade não suporta mais sofrer as consequênc­ias de uma crise econômica instalada no País por nossos governante­s e representa­ntes. E apenas eles não são atingidos por ela”, criticou o empresário.

A “Bolsa Político” foi aprovada junto com o Distritão, um sistema eleitoral que acaba com a proporcion­alidade das eleições para vereadores, deputados estaduais e deputados federais. Hoje, a soma dos votos de um partido ou coligação é levada em conta para determinar quantas das vagas disputadas ficarão com cada coligação ou partido. Pelo novo sistema, os municípios, Estados e o País serão divididos em distritos. Os mais votados em cada distrito, independen­temente do partido, serão eleitos.

O voto distrital pode ser tão democrátic­o quanto o proporcion­al. Aliás, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e França estão entre os países que o adotam. Mas a imagem atual do político brasileiro deixa o eleitor com pulgas atrás das orelhas. Qual a intenção dos senhores deputados em mudar o sistema eleitoral? O atual Congresso, repleto de parlamenta­res sob suspeita, tem legitimida­de para realizar qualquer reforma política? São perguntas que não querem calar.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil