Folha de Londrina

Fachin manda denúncia contra Loures para a primeira instância

Como não tem foro privilegia­do, ex-deputado acusado de receber mala com R$ 500 mil da JBS será julgado pela Justiça Federal no Distrito Federal; processo contra Temer foi suspenso

- Reynaldo Turollo Jr. e Letícia Casado Folhapress Brasília

- O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nessa quinta-feira (10) que a denúncia da PGR (Procurador­ia-Geral da República) contra o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) vá para a primeira instância, ficando suspensa somente a parte do processo relativa ao presidente Michel Temer, conforme decisão da Câmara na semana passada.

Loures e Temer foram denunciado­s no final de junho sob acusação de corrupção passiva, no caso da mala com R$ 500 mil entregue pela JBS ao ex-deputado. De acordo com a PGR, o dinheiro tinha como destinatár­io final o presidente.

Conforme o despacho de desmembram­ento assinado por Fachin, “a necessidad­e de prévia autorizaçã­o da Câmara dos Deputados para processar o Presidente da República não se comunica ao corréu [no caso, Loures]”.

Segundo o ministro, é ponto pacífico no Supremo que “a imunidade temporária à persecução penal contra o Presidente da República”, garantida na Constituiç­ão, “não se comunica a coautor do fato”.

Como Loures não tem foro perante o STF, a denúncia contra ele será remetida à primeira instância da Justiça Federal no Distrito Federal.

A decisão tem como base um artigo do Código de Processo Penal que faculta ao juiz separar os processos quando entender convenient­e.

Já em relação a Temer, Fachin determinou a suspensão do processo. “Diante da negativa de autorizaçã­o por parte da Câmara dos Deputados para o prosseguim­ento do feito em relação ao Presidente da República, o presente feito deverá permanecer suspenso enquanto durar o mandato presidenci­al”, escreveu o ministro.

A defesa de Loures deve recorrer do desmembram­ento. “O desmembram­ento fere a decisão da Câmara porque, indiretame­nte, o primeiro grau julgará Temer, violando sua garantia constituci­onal”, disse o advogado Cezar Bitencourt.

“Porque a prova em relação ao Rodrigo [Loures] é exatamente a mesma prova, há uma conexão instrument­al. E não haverá nenhum risco processual em suspender [o processo] até janeiro de 2019, pois não haverá prescrição”, disse. Rodrigo Janot, afirmou que pediria a Fachin o desmembram­ento do processo para que Loures continuass­e a responder pela acusação. “Vou pedir a cisão do processo, sim, e ele vai responder esses fatos”, disse Janot.

O procurador-geral disse também que, além da denúncia contra Temer que foi suspensa pela Câmara, há outras duas investigaç­ões sobre o presidente, por suspeita

FLECHAS Em entrevista à “Folha de S.Paulo” publicada na segunda-feira (7), o procurador-geral da República,

de obstrução da Justiça e de envolvimen­to em organizaçã­o criminosa.

“Eu continuo minha investigaç­ão dizendo que enquanto houver bambu, lá vai flecha. Meu mandato vai até 17 de setembro. Até lá não vou deixar de praticar ato de ofício porque isso se chama prevaricaç­ão”, afirmou.

Na terça (8), a defesa de Temer pediu ao Supremo a suspeição de Janot, sob o argumento de que ele atua pessoalmen­te contra o presidente. “Estamos assistindo a uma obsessiva conduta persecutór­ia”, argumentou o advogado Antônio Cláudio Mariz.

A prova em relação ao Rodrigo [Loures] é exatamente a mesma prova, há uma conexão instrument­al”

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André Dusek/Estadão Conteúdo A defesa de Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), chamado de “homem da mala”, promete recorrer contra o desmembram­ento do processo

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