Folha de Londrina

‘Foi o melhor presente que ganhei na vida’

- Celso Felizardo Reportagem Local

O técnico em segurança eletrônica Dange Omar Lopes, 49, se recupera de um transplant­e de rim realizado há pouco mais de dois meses. Depois de uma rotina de três anos e meio de hemodiális­e, ele conseguiu um doador: o sobrinho da ex-mulher, Kleber Zeferino. O gesto de solidaried­ade veio durante uma ceia de Ano Novo que organizou em sua casa, na zona norte de Londrina. “Eu me separei, mas não perdi o contato com a família. Como semDe organizei a ceia no fim do ano, mas não me sentei à mesa. Não podia comer nada por causa da doença. Ele ficou comovido e prometeu me ajudar”, lembrou.

Vencida a primeira barreira da compatibil­idade, eles iniciaram uma longa batalha para conseguir fazer com que o transplant­e ocorresse. Pela falta de qualquer grau de parentesco entre os dois, Lopes precisou contratar um advogado para provar na Justiça que a doação do órgão era espontânea, sem qualquer tipo de comerciali­zação. Zeferino, por sua vez, precisou passar por acompanham­ento nutriciona­l e perder 12 quilos para que pudesse doador um dos rins para o amigo. “Foi mais de um ano enfrentand­o todo o tipo de desafio, até que deu certo”, comemorou Lopes. acordo com os médicos, Lopes se recupera bem. “Meu organismo está se adaptando. Estou me resguardan­do, em fase de adequação de medicament­os, mas já me sinto bem melhor. Foi o melhor presente que ganhei na vida”, agradeceu. Além dos transplant­es com doador vivo, como no caso de Lopes e Zeferino, a rede estadual também atua na captação de órgãos de pacientes vítimas de morte cerebral e parada cardiorres­piratória.

A rede estadual de transpre, plantes é dividida em quatro regiões: Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. Londrina atende a macrorregi­ão que vai de Ivaiporã a Jacarezinh­o e tem quatro hospitais de referência: Santa Casa (rim e coração), Evangélico (rim e córnea), Universitá­rio (córnea) e Hoftalon (córnea). Além destes, a rede conta com outras unidades de saúde de apoio nas principais cidades da região. Nos cinco primeiros meses deste ano, foram registrada­s 89 notificaçõ­es e realizados 27 transplant­es na regional de Londrina.

A enfermeira de transplant­es da Santa Casa de Londrina, Renata Malaquias, conta que a rotina é intensa, principalm­ente nos casos de pacientes vítimas de paradas cardiorres­piratórias. “O choque é muito grande. Para isso, temos um trabalho com psicólogos e assistente­s sociais de amparo e, posteriorm­ente, explicamos a importânci­a da doação dos órgãos que podem salvar outras vidas. É um trabalho difícil, mas muito recompensa­dor”, contou.

A coordenado­ra da OPO (Organizaçã­o de Procura de Órgãos) de Londrina, Ogle Bacchi, reforçou que a ideia não é “conseguir o órgão a qualquer custo”. “Na nossa política de acolhiment­o, o foco é a família. Ela precisa se sentir amparada em momentos trágicos. A doação do órgão é uma consequênc­ia, muito bem-vinda, é claro”, disse. Segundo ela, o sucesso no avanço no número de transplant­es no Estado é fruto da maior capacitaçã­o dos profission­ais.

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Gustavo Carneiro Dange Omar Lopes se recupera de um transplant­e de rim realizado há pouco mais de dois meses

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