Folha de Londrina

O teatro como ato político

Em tempo de conflitos em nível nacional e mundial, o FILO 2017 que começa nesta sexta - destaca espetáculo­s que abordam o poder, a intolerânc­ia e a diversidad­e

- Marian Trigueiros Reportagem Local

A49ª edição do FILO (Festival Internacio­nal de Londrina) começa nesta sexta-feira (11) e segue até o dia 27 de agosto com 78 apresentaç­ões variadas de 34 grupos nacionais e internacio­nais. O espetáculo de abertura será “Hamlet”, às 20h30, no Teatro Ouro Verde, com o grupo Armazém Companhia de Teatro (Rio de Janeiro), com reapresent­ação no sábado. Apesar de ter sido escrita por Shakespear­e no início do século XVII, a montagem da companhia retrata o colapso político e os conflitos existencia­is que o mundo atravessa atualmente. Em comemoraçã­o aos 30 anos do grupo, o Hamlet escolhido pelo diretor, um protagonis­ta cheio de fúria fazendo uma conexão direta com a loucura que permeia nosso tempo, é vivido pela atriz Patrícia Selonk, que divide a cena com outros seis personagen­s.

Segundo Luiz Bertipagli­a, diretor do festival, o espetáculo de abertura, bem como os demais da programaçã­o foram escolhidos de acordo com a temática do festival desse ano que contempla “o espetáculo da diversidad­e, da tolerância e do humanismo”. “O FILO 2017 traz a alegria de mexer com a cidade e a coragem de encarar temas ásperos. Todos tratam de assuntos importante­s e necessário­s a serem discutidos pela sociedade, como temas políticos, raciais e identidade de gênero. As montagens estabelece­m um diálogo direto com o público com seus textos contemporâ­neos”. O FILO é o mais antigo festival de teatro da América Latina e tem apoio do Grupo Folha de Comunicaçã­o.

Dentro da programaçã­o, o Brasil patriarcal agoniza com o personagem de Chico Buarque de Holanda no espetáculo “Leite Derramado”, da Cia Club Noir (São Paulo-SP). A perturbado­ra conexão entre a política e o crime organizado estará presente como uma ferida exposta na trilogia “Abnegação”, do Tablado de Arruar (São Paulo-SP). A temática racial é abordada em “Black Off”, da Ntando Cele/ Manaka (África do Sul/ Suíça) e em “Gritos”, da Cia dos A Deux (Rio de Janeiro). Já a identidade de gênero é retratada nas montagens “Tom na Fazenda”, da ABGV Produções Artísticas (Rio de Janeiro-RJ) e “TOM – 208 beijos e abraçossem­fim”, da Marcos Damaceno Cia de Teatro (Curitiba-PR). A incompreen­são da loucura também é abordada em “Artaud, Le Mômo”, da Taanteatro Companhia (São Paulo-SP).

O FILO 2017 terá montagens de teatro, dança, circo, multimídia e música, em espaços fechados e ao ar livre, para o público de todas as idades. Os espetáculo­s serão apresentad­os no Palco Petrobras (Casa de Cultura/ Divisão de Artes Cênicas), nos teatros Ouro Verde, Mãe de Deus, Usina Cultural, Centro Cultural Sesi/AML, Colégio Estadual Marcelino Champagnat e Bar Valentino. Também estará nas ruas, com apresentaç­ões gratuitas na Praça Marechal Floriano Peixoto, Zerão, Praça Nishinomyi­a e Concha Acústica. Além da programaçã­o de espetáculo­s o Festival realiza atividades formativas (oficinas, palestras, mesa-redonda, demonstraç­ão de trabalho e bate-papos) e atrações musicais. A programaçã­o completa e a sinopse de todos os espetáculo­s podem ser conferidos pelo site oficial do festival www.filo.art.br.

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Janosch Abel/ Divulgação Black Off: espetáculo da cia Ntando Cele/ Manaka (África do Sul/ Suíça)aborda a questão racial
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Marcelo Almeida/ Divulgação TOM – 208 beijos e abraçossem­fim, da Marcos Damaceno Cia de Teatro (Curitiba-PR), trata da identidade de gênero

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