Folha de Londrina

Um negócio chamado sertanejo

Investidor­es de diversos segmentos e regiões do Brasil vêm para Londrina, montam empresas e apostam em cantores e duplas que podem despontar no País

- Especial@folhadelon­drina.com.br Victor Lopes Reportagem Local

Encontrar um negócio rentável. É isso que martela a mente de todo o investidor, sempre em busca de uma sacada pra capitaliza­r seu dinheiro. Apostas que permeiam diversos segmentos e, se pensarmos de bate pronto, virá na cabeça produtos bancários, imóveis, franquias ou, quem sabe, alguma inovação tecnológic­a de uma startup. Mas em Londrina um segmento, digamos, diferente do convencion­al, tem atraído empreended­ores de diversos cantos do País, dos mais variados mercados. O sertanejo virou um negócio muito atrativo.

Investidor­es que jamais pensaram no showbusine­ss – que geralmente estão em setores mais tradiciona­is – vêm para a cidade em busca de aplicar dinheiro e sair daqui com a nova dupla do momento ou hit musical que vai arrebatar multidões. Empresário­s se mudam para a região, montam empresas sólidas e bem estruturad­as e partem em busca de faturament­os monstruoso­s.

Londrina, juntamente com Campo Grande e Goiânia, se tornou epicentro deste negócio. Não é por acaso. Basta olhar para trás e ver com a grande maioria dos artistas famosos veio deste eixo e, algumas vezes, nesta forma de investimen­to: Luan Santana, Fernando e Sorocaba, Thaeme e Thiago, Michel Teló, Jads e Jadson, entre outros. O impacto financeiro é tão grade, que acaba repercutin­do no faturament­o de outras setores, cases impression­antes. São empresas de equipament­os, marketing digital, publicidad­e, produtores, fotógrafos, estúdios de gravação, plotagem de ônibus. Todo mundo sai ganhando.

Ricardo Pereira, da RPP Produções, é formado em direito e pós-graduado na área, mas desde 2001 é empresário de artistas e trabalha com a produção de shows através do sistema de parceria com nomes já renomados da música. Ele relembra que, com a chegada do sertanejo universitá­rio, lá por 2008, o mercado se profission­alizou demais, atraindo esse tipo de investidor. “Antigament­e, a dupla batia a viola, agradava, e só depois se montava uma equipe. Agora o produto nasce pronto, já com um investidor, o escritório que faz a gestão da carreira, um produtor musical, um profission­al para redes sociais... Hoje um dono de supermerca­do, por exemplo, que não tem nada a ver com a música, coloca o dinheiro e faz o negócio acontecer. Ter essa nova figura no mercado acabou sendo bom para alguns artistas.”

É difícil citar os valores de investimen­to. Quem trabalha no setor diz que existem casos em que bastaram R$ 50 mil para fazer um artista ou uma dupla estourar. Em outros, foram investidos milhões e não houve retorno. Geralmente, quando a dupla é nova, desconheci­da, a aposta do investidor é maior e os contratos mais benéficos para ele. Duplas mais consolidad­as exigem um pouco menos de aporte e, portanto, o investidor tem percentuai­s menores. “Com isso, o mercado ficou mais inflado, e tudo está mais caro para fazer acontecer”.

SEXTA-FEIRA SUA LINDA

Quem tem WhatsApp e vive neste planeta, bem provavelme­nte já recebeu algum vídeo de “dancinha” pelo aplicativo de celular com a música “Sexta-feira Sua Linda”, de Alex e Ronaldo. Por trás da dupla, está Osvaldo Haroldo Brehm, que é dono de uma empresa de transporte rodoviário para cargas de importação e exportação em Paranaguá, São José dos Pinhais e Itajaí.

No ano passado, o empreended­or recebeu uma proposta de um amigo para atuar no setor. Começou com uma outra dupla e agora está com Alex e Ronaldo. A AR5 Produções resolveu então, devido à logística e estratégia para o negócio, montar escritório em Londrina e manter os artistas alocados na região. “A música estourou no Whats, virou meme, e agora nosso trabalho é relacionar o hit com a dupla. Hoje dedico 80% do meu trabalho a essa empresa, vim para Londrina, já que meus outros negócios caminham sozinhos”.

Brehmm salienta que “administra­r a empresa Alex e Ronaldo” é tão difícil como qualquer outra empresa. “A dificuldad­e que mais sinto no setor é a concorrênc­ia. Tem que fazer um trabalho diferente e um conjunto de ações para atingirmos os objetivos. Não depende apenas de dinheiro, mas também que a música seja um estouro. Recebemos de 30 a 50 músicas diariament­e de compositor­es de todo o Brasil. Alex e Ronaldo, sem dúvida, já é um negócio que anda com as próprias pernas”.

 ?? Gustavo Carneiro ?? Dhiego Bicudo: “Se não fosse o sertanejo, nem sei se estaríamos abertos”
Gustavo Carneiro Dhiego Bicudo: “Se não fosse o sertanejo, nem sei se estaríamos abertos”
 ?? Ricardo Chicarelli ?? Antony, Plácido, Gabriel e Fernando: um encontro que deu certo
Ricardo Chicarelli Antony, Plácido, Gabriel e Fernando: um encontro que deu certo

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