Memória ameaçada
Apreservação da cultura e do patrimônio é fundamental para a história de uma nação e se torna cada vez mais necessária com o progresso e desenvolvimento dos grandes centros urbanos. O Velho Continente dá exemplo e mostra como os países europeus conseguem manter o passado e a modernidade, lado a lado, no cotidiano de suas capitais, palcos de grandes acontecimentos que traçaram o destino da humanidade, seja pela guerra ou pela via diplomática.
As placas e anúncios das grandes redes varejistas e de fast-food estão presentes em Roma, a Cidade Eterna, nos prédios preservados para contar mais de 3.000 anos de história da metrópole que já foi a capital do mundo.
Em entrevista à FOLHA, publicada na edição do último final de semana, Andrey Rosenthal Schlee, arquiteto, urbanista e diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), ressaltou que o Brasil enfrenta o desafio de preservar a sua história, com uma mudança cultural que valorize ainda mais a memória para salvaguardar a riqueza e diversidade do patrimônio. “Trata-se da memória e da identidade do povo brasileiro”, destacou.
Além de uma transformação cultural e conscientização do valor histórico para evitar depredações e vandalismo, ainda existe a projeção que dentro de dois anos cerca de metade dos 680 funcionários deve se aposentar, sem previsão de novos concursos. A justificativa é a crise econômica que tem atingido todas as esferas e instituições.
Em Londrina, a memória também sofre ameaças. Servidores do Museu Histórico Padre Carlos Weiss, responsáveis pela manutenção do acervo, podem se aposentar a qualquer momento. Sem a reposição dos cargos, as funções ficarão descobertas, inviabilizando o funcionamento do museu, dirigido pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).
A falta de reposição de servidores colocou em risco até a abertura das portas do Teatro Ouro Verde. Depois da reconstrução, o local fechou apenas 25 dias após a reinauguração. Para receber o Festival Internacional de Música e o Filo, o Ouro Verde funciona em regime especial para garantir a realização dos eventos.