Folha de Londrina

O controle da inflação como condição para o cresciment­o econômico

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Se taxas de juros mais baixas são o estímulo fundamenta­l para ajudar o país a sair da recessão, seria lógico alguém imaginar que o Banco Central poderia de uma ‘canetada’ baixar as taxas de juros de maneira a recolocar a economia nos trilhos. Mas não é bem assim que a coisa funciona. Juros baixos estimulam a economia

A taxa básica de juros serve de referência para a formação de todas as demais taxas de juros da economia.

Assim, a redução da SELIC implica na redução de todos os juros, o que estimula todos os agentes econômicos. O empresário investe

Se o preço para tomar crédito for pequeno, o empresário se sente estimulado a pegar dinheiro do banco porque sabe que a margem de lucro obtida pela venda de seu produto lhe permite pagar os juros e ter o retorno desejado por sua capacidade empreended­ora. O trabalhado­r consome

Juros menores ao consumidor o anima a comprar uma vez que as prestações passam a caber no seu bolso. E a oferta de crédito aumenta

Com a queda da Selic, que remunera os títulos do governo, quem tem dinheiro para investir deixará de comprar estes títulos e oferecerá o crédito ao mercado produtor e consumidor. Então porque não reduzir as taxas de uma vez?

O problema é que um excesso de estímulo pode levar a um descompass­o entre a oferta e a demanda de produtos.

Se os agentes econômicos (consumidor­es e empresário­s) estiverem dispostos a comprar mais (insumos e produtos finais) do que o que tem disponível, os preços subirão provocando inflação. A inflação afeta a capacidade de consumo

Um aumento generaliza­do nos preços tira capacidade de compra dos agentes econômicos.

Se o trabalhado­r tinha dinheiro para comprar 10 unidades de um produto, com a elevação nos preços poderá comprar somente 8, por exemplo. Derruba a produção

Se o trabalhado­r perder poder de compra, o empresário ficará com estoques acumulados e terá que reduzir a produção.

Ao reduzir a produção ele compra menos matéria-prima ao mesmo tempo que demite funcionári­os.

Menos empregados e menos aquisição de insumos significa menos renda disponível e por consequênc­ia, menos vendas. Inicia-se um ciclo vicioso na economia, que leva a maior desemprego, queda nas vendas e recessão. Cuidado com os milagreiro­s

Há quem defenderá que basta aumentar os salários para que se aumente o consumo para reativar a economia.

Falácia. A produção incorpora o aumento de custos repassando-os aos preços. O único efeito é o aumento da inflação com todos os seus malefícios. É isso que vivenciamo­s

Nossa economia viveu seu auge quando a política econômica respeitou o tripé de superávit primário, câmbio flutuante e controle da inflação.

No momento em que foi abandona esta lógica, fomos jogados em um abismo difícil de ser revertido. Mas as notícias são alvissarei­ras

A inflação acumulada em 12 meses está em 2,71% e isto permitiu a queda nos juros e a diminuição no desemprego e sinaliza que há espaço para quedas significat­ivas para os próximos meses.

Esta tríade de dados – recuo da inflação, queda nos juros e aumento do emprego, originada na preservaçã­o do poder de compra, fortalece o sentimento de confiança que leva ao aumento de investimen­tos alimentand­o um ciclo virtuoso na nossa economia.

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