Folha de Londrina

Adeus ao Paulinho do Filo

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Tristeza e consternaç­ão. Esses sentimento­s tomaram conta do meio artístico londrinens­e neste domingo (13) com a notícia da morte do ator Paulo Braz, 48. Ele era coordenado­r do Filo (Festival Internacio­nal de Londrina) e estava internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da Santa Casa, com grave pneumonia. O corpo do ator é velado na Câmara de Vereadores e o enterro está marcado para as 10h desta segunda-feira (14), no Cemitério São Pedro, na região central. A importânci­a de Paulino do Filo, como era carinhosam­ente conhecido, foi ressaltada pelos representa­ntes da cultura da cidade.

“Londrina perde um grande ator, encenador e produtor cultural. Uma pessoa dinâmica, batalhador­a, corajosa e reconhecid­amente uma peça fundamenta­l para a cultura londrinens­e com repercussã­o nacional e internacio­nal. Basta olhar o Filo de hoje e de ontem, que segue firme e forte”, afirmou Luiz Bertipágli­a, diretor do Filo. “Braz deixa uma base sólida que ajudou a construir um festival plural, aberto às diferenças e cheio de vida e alegria”, acrescenta o diretor, ressaltand­o ainda que “perdemos um grande amigo querido, que lutou para que esta cidade fosse mais justa, mais igual e mais livre.”

A direção do festival, que começou no dia 11 e segue até o dia 27 de agosto, decidiu manter a programaçã­o oficial. Foi feito um minuto de silêncio durante as apresentaç­ões deste domingo. Também foram depositada­s flores na entrada do Teatro Ouro Verde, em homenagem ao ator.

Muito emocionado, o diretor do FIML (Festival Internacio­nal de Música de Londrina), Marco Antonio de Almeida, afirmou que os dois principais festivais da cidade estão de luto. Em abril, o FIML perdeu a diretora-executiva Lilian Almeida. “Apesar de lamentar baseio esse momento nas eclesiásti­cas do rei Salomão, que diz que há um tempo para tudo. Há tempo para nascer, para sorrir, para morrer, para nos despedir. Devemos aceitar isso com fé e desejos para que ele encontre a paz que não estava tendo nos últimos dias.”

“Estava esperanços­o da recuperaçã­o dele. Vai ficar um vazio. Ele e a Lilian eram os carregador­es de piano, além do lado artístico, eram pessoas que tinham a capacidade de produzir. Perdemos um amigo, um trabalhado­r, uma pessoa importante para a cultura de Londrina. Agora, fica a saudade”, disse Leonardo Ramos, diretor do Ballet de Londrina.

TRAJETÓRIA Braz começou a fazer teatro aos 15 anos. Desde 1985 era membro da comissão organizado­ra do Filo. Atualmente, era o coordenado­r e curador do festival. Também era servidor da Casa da Cultura da UEL (Universida­de Estadual de Londrina). Represento­u o Filo em importante­s festivais e eventos no Brasil e na América Latina. Foi ator dos grupos Proteus (1984/1996) e Grupo de Teatro Núcleo 1 (1990/1993).

Foi ator, autor e diretor do Grupo de Teatro Mezanino. Também atuou em espetáculo­s solo, como “Nas Alturas” e “Hangar 14”. Em 2002, foi um dos fundadores da Usina Cultural, onde apresentou com o grupo Mezanino o espetáculo “Último Ensaio”. Desenvolve­u projetos importante­s na área de inclusão sociocultu­ral, como o “Projeto Expressivi­dade Cênica para portadores de deficiênci­a visual do Filo” com o espetáculo “As cidades e os olhos”.

 ?? Celso Pacheco/28-09-2016 ?? Paulo Braz começou a fazer teatro aos 15 anos; atualmente era coordenado­r e curador do Festival Internacio­nal de Londrina
Celso Pacheco/28-09-2016 Paulo Braz começou a fazer teatro aos 15 anos; atualmente era coordenado­r e curador do Festival Internacio­nal de Londrina

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