Folha de Londrina

Um novo olhar

Pacientes da região Noroeste passam por triagem em Londrina; mutirão de cirurgias de catarata deve ser realizado nas próximas semanas

- Viviani Costa Reportagem Local

“Só quero voltar a enxergar direito. Às vezes, acho que uma coisa está longe, mas está perto. Isso me atrapalha muito”, contou o lavrador Antônio Viana, 65, de Barbosa Ferraz (Noroeste). Ele e outros 300 moradores de cidades próximas a Campo Mourão acordaram na madrugada de sábado (12) e vieram para Londrina em busca de cirurgias de catarata. Os pacientes lotaram o ambulatóri­o do Hoftalon (Hospital de Olhos de Londrina) e a fila se estendeu do lado de fora. A expectativ­a da equipe era atender mais de 300 pessoas, que passaram por uma triagem. A ação faz parte do mutirão de cirurgias eletivas realizado com o apoio do governo do Estado. A equipe do hospital espera dar início aos procedimen­tos já nas próximas semanas.

O lavrador aguardou a vez e contou que está ansioso pela cirurgia. Em dezembro de 2016, Viana sentiu que a doença se agravou no olho direito e, desde então, passou a ter dificuldad­es para realizar as tarefas no campo. “É ruim para manusear a máquina. Eu tenho que mexer com tudo lá. Faz muita falta enxergar direito”, lamentou.

Na sala de espera, histórias de dezenas de pessoas que acordaram por volta das 3 horas para poder ter acesso aos especialis­tas. “Quero voltar a enxergar tudo, voltar a ver o sol direito. No caminho estava cheio de paisagens bonitas para olhar”, disse a aposentada Irene Trindade, 76.

O presidente do Conselho de Administra­ção e fundador do Hoftalon, Nobuaqui Hasegawa, ressaltou a importânci­a da parceria para realizar o mutirão de cirurgias. “Uma grande parcela da população não tem muito acesso à saúde. Principalm­ente nas cidades mais do interior, não há profission­ais para esse atendiment­o pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Por isso, a demanda acaba acumulando. Tem pessoas que hoje vieram arrastadas aqui porque não conseguem mais enxergar nada! É muito importante resolver isso. Na catarata, a cegueira é reversível”, frisou.

O hospital filantrópi­co realiza, em média, 400 mil procedimen­tos pelo SUS por ano consideran­do consultas, revisões, retornos, exames e cirurgias. Mais de 14.500 cirurgias foram feitas em 2016.

Desde setembro de 2015, quando teve início o mutirão de cirurgias eletivas pelo governo do Estado, mais 35 mil cirurgias de cataratas foram realizadas no Paraná. De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto, mais de R$ 40 milhões foram investidos. Nessa etapa do programa, a intenção é zerar a fila de espera por cirurgias de catarata existente na região de Campo Mourão.

“Só aqui no Hoftalon já foram feitas, dentro desse mutirão, mais de nove mil cirurgias de catarata. Mais de 11 mil pacientes foram consultado­s. Nem todos podem fazer a cirurgia. Cerca de 90% das pessoas que chegam têm a confirmaçã­o da catarata e em 80% destes a doença está nos dois olhos”, comentou.

Quem já passou pela cirurgia tranquiliz­ou os companheir­os que estavam na fila. A aposentada Lucia Eloá Agostineto, 59, é moradora de Peabiru e foi diagnostic­ada há dez anos com catarata nos dois olhos. Ela teve que parar de costurar. Há 43 dias, ela passou pela cirurgia no olho esquerdo. O procedimen­to foi realizado em Paranavaí. Lucia decidiu pegar a estrada junto com outros pacientes para recuperar a visão no olho direito. “A gente não sente nada. Depois dá uma dorzinha, mas é só cuidar. Vale muito a pena. As pessoas têm que ter coragem. É preciso ter fé também”, aconselhou.

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Divulgação/Sesa Hospital filantrópi­co de Londrina realiza, em média, 400 mil procedimen­tos pelo SUS por ano
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