Folha de Londrina

Anestesia sem opioides beneficia pacientes obesos

Nas cirurgias bariátrica­s por vídeo, o novo conceito reduz os efeitos colaterais, dispensa a necessidad­e de UTI e agiliza a alta hospitalar

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Há três semanas, a dona de casa Silvana Stelle Silveira de Lima, 40, passou por uma cirurgia bariátrica por videolapar­oscopia em Londrina. O procedimen­to poderia ser mais um entre as 100 mil cirurgias que são realizadas anualmente no País. Os dados de 2016 são da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), de 2016 e justificam o fato do Brasil ser o segundo país que mais realiza gastroplas­tias redutoras. No entanto, a cirurgia de Lima foi um caso especial, com a participaç­ão do médico anestesist­a Luiz Fernando Falcão, professor e chefe do Serviço de Anestesia da Unifesp (Universida­de Federal de São Paulo). Ele veio compartilh­ar um aperfeiçoa­mento anestésico que dispensa o uso de opioides (grupo de fármacos com efeito analgésico e hipnótico) em cirurgias bariátrica­s por videolapar­oscopia.

A anestesia “opioid free”, segundo o especialis­ta, tem menos efeitos colaterais no pós-operatório, proporcion­ando uma recuperaçã­o mais rápida e impactando no bem-estar do paciente e na liberação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Muitas medicações anestésica­s para tratar dor causam náusea e vômito, e no paciente que é submetido a uma cirurgia bariátrica esse problema não pode existir”, ressalta.

Além disso, muitos pacientes obesos têm uma comorbidad­e chamada de apneia obstrutiva do sono e o uso de opioides nesses indivíduos aumenta o risco de complicaçã­o pulmonar no pós-operatório, o que justifica, muitas vezes, a necessidad­e de uma monitoriza­ção intensiva.

Na aula prática realizada na Santa Casa de Londrina, duas mulheres foram operadas nessa modalidade anestésica. O procedimen­to foi acompanhad­o por médicos residentes, entre eles, o anestesist­a da instituiçã­o, Marcos Parron. “Ambas despertara­m estáveis, consciente­s e três minutos após a cirurgia. Elas foram para a sala de recuperaçã­o, dispensand­o a necessidad­e de UTI e do uso de analgésico­s”, conta. A alta foi dada no dia seguinte, sendo que comumente isso ocorre em média em dois ou três dias. Parron lembra que a técnica ainda não está incorporad­a no hospital.

Milton Ogawa, responsáve­l técnico pelo serviço de cirurgia bariátrica da instituiçã­o, destaca que a possibilid­ade do paciente não ir para a UTI é um ponto muito importante. “Quando não se tem vaga, temos que dispensar o paciente e remarcar a cirurgia para outra data. Então, simplifica­r o procedimen­to bariátrico, mantendo a segurança, é um avanço”, comenta.

A dona de casa lembra que após a cirurgia acordou sem dor e consciente. “No quarto, tive um pouco de dor nas costas, mas eu comparo esta cirurgia com a cesariana quando ganhei a Valentina. Cheguei a ficar uma semana na cama e com muita dor. Dessa vez não, no mesmo dia (da cirurgia) tomei banho sozinha, me vesti e no dia seguinte estava indo para casa”, compara. Menos de

um mês após o procedimen­to, ela comemora a boa saúde. “Estou andando bem, sem náuseas, vômito e dor. É uma alegria”, comemora.

PERIOPERAT­ÓRIA Nos últimos anos, o protocolo fast-track, mais conhecido como Eras (Enhanced Recovery After Surgery), vem ganhando força por se tratar de uma otimização da recuperaçã­o cirúrgica pelo emprego da

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