Insegurança derruba
A insegurança é a característica mais aguda na história dos clubes grandes contra o rebaixamento. Contagia a todos. Dorival Júnior não escapa. Durante toda a semana, treinou a equipe sem Jucilei, com Militão como volante. No intervalo, enquanto vencia o Cruzeiro por 1 a 0, atendeu aos gritos das arquibancadas e retornou para o segundo tempo com o volante mais famoso.
Jucilei não estava jogando mal para ser barrado. Nem bem. A questão é que ele diminui a velocidade da cobertura, quando se tem Petros e Hernanes, junto com o cabeça de área.
Mas as torcidas gigantes, assustadas com o risco de queda, quando têm times desmantelados pelas mudanças constantes, prendem-se aos jogadores que correm mais. A raça passa a valer mais do que a técnica. Daí o grito: Jucilei! Não é bom. O talento só volta a ser mais reconhecido do que a raça quando a equipe encorpa, o que ocorre apenas com a sequência de treinos ou com a segurança que só vitórias devolvem - a de ontem ajuda bem.
Ou quando há um jogador referência, como Hernanes, recordista de passes errados contra o Cruzeiro e, mesmo assim, fundamental para dar a vitória.
Hernanes saiu do gramado para o intervalo justificando o Cruzeiro com mais posse de bola. “Não estava dando certo ter mais a bola e nós mudamos nossa postura”, disse. Em vez de empurrar o rival para seu campo de defesa, esperou no campo de defesa e tentou contra-atacar.
Não deu certo no primeiro tempo. Fora o gol, o São Paulo teve uma única chance concreta, cabeçada de Pratto, rente à trave de Fábio.
O tempo com a bola no pé diminuiu ainda mais na segunda etapa. O risco de derrota também. Mais erros de passe, mais chances para Rafael Sóbis e Robinho criarem oportunidades e Sassá marcar. O Cruzeiro virou o jogo variando os lados das jogadas e com o oportunismo de Sassá. Deu susto.
No segundo gol cruzeirense, evidenciouse o momento ruim de Rodrigo Caio, convocado por Tite. Pelo que mostra em seu clube, Geromel merece mais a seleção do que o jovem zagueiro são-paulino.
Mas aí Hernanes deu o passe para Arboleda empatar e fez, de pênalti, o gol da vitória. Sempre a referência do meio-campo.
O São Paulo segue longe de oferecer segurança para sua torcida de que vai escapar. Em 2013, o time virou o turno na zona de rebaixamento e saiu dela na 21ª rodada. Não voltou mais.
Desta vez, a degola ficou para trás na 20ª rodada.
Só que Dorival Júnior chegou ao Morumbi na 14ª rodada, saiu da degola na 16ª, e voltou a ela. Hoje, o São Paulo está fora do rebaixamento. Dorival tirou do descenso pela segunda oportunidade, como fez no Cruzeiro, no Palmeiras e no Atlético-MG.
Mas ainda com insegurança, que se reflete nos jogadores. Quando tira Militão no intervalo e volta com o barrado Jucilei, ele dá sinal para o elenco de que não sabe bem o que deseja. É ruim. Não ajuda a devolver segurança. O clube contratou 17 jogadores durante o ano. O time ainda não existe.
Agora, há duas rodadas para distanciar-se da parte de baixo da tabela de classificação.
Jogos contra o Avaí fora de casa e Palmeiras no Allianz Parque, onde o São Paulo jamais venceu em quatro visitas à zona oeste.
O sorriso do menino que subiu dos vestiários de mãos dadas com Neymar comoveu. Depois, o jogo revelou Neymar solto, sem compromisso tático. Deu passe para Cavani marcar e depois fez o seu. Por mais simples que seja enfrentar o Guingamp, Neymar não frustrou quem pagou para vê-lo.
Ele terá muito mais liberdade no PSG que Barcelona, sobretudo na temporada passada, quando voltava e completava a linha de quatro homens do meio-campo. Agora, não. Jogará por todos os lados, como na seleção. Seja para passes decisivos. Seja para fazer gols. O PSG já é líder na França.