Folha de Londrina

29 DE ABRIL

Justiça rejeita ação de improbidad­e administra­tiva contra seis integrante­s do governo do Estado, incluindo o governador

- Celso Felizardo e Viviani Costa Reportagem Local

Dois anos após o confronto entre policiais militares e manifestan­tes em frente à Assembleia Legislativ­a do Paraná, a juíza Patrícia Bergonse, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, rejeitou a ação de improbidad­e administra­tiva proposta pelo Ministério Público contra seis integrante­s do governo do Estado, incluindo o governador Beto Richa. Após a ação que resultou em centenas de feridos, o MP reuniu documentos, fotos e vídeos para comprovar que a conduta adotada pelo governo do Estado havia sido “desproporc­ional” com o uso de balas de borracha, gás de pimenta e bombas de efeito moral.

Para a juíza, não houve indícios de ato de improbidad­e administra­tiva, já que os representa­ntes do governo estavam amparados por uma ordem judicial que impedia a ocupação do prédio da Assembleia Legislativ­a durante a votação de projetos polêmicos. Conforme Bergonse, os representa­ntes se utilizaram “dos meios necessário­s e disponívei­s para garantir a manutenção da ordem e impedir a invasão da Casa Legislativ­a e segurança de seus membros”.

Ao recordar os fatos ocorridos em 29 de abril, a juíza destacou ainda na decisão que “lideranças ativistas então representa­das no local, instigando o conflito e a subversão dos limites impostos para cumpriment­o da ordem, acabaram por iniciar um confronto com a força policial presente”. A atitude dos manifestan­tes, segundo ela, “exigiu pronta ação preventiva e repressiva, sem prescindir dos meios técnicos e equipament­os necessário­s e proporcion­ais para afastar os manifestan­tes”. Na decisão, Bergonse considerou também o arquivamen­to do Inquérito Policial Militar pela Vara de Auditoria da Justiça Militar e o parecer do Ministério Público nesse processo em que não foram comprovado­s atos dolosos ou culposos por parte dos policiais.

A ação de improbidad­e administra­tiva envolvia o governador Beto Richa pelo “respaldo político e administra­tivo à ação policial”, além do então secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Francischi­ni; o então comandante-geral da PM, Cesar Vinicius Kogut; o subcomanda­nte-geral da PM, Nerino Mariano de Brito; o comandante da Operação ‘Centro Cívico’, Arildo Luis Dias e o comandante do Bope, Hudson Leôncio. Em nota, o Ministério Público informou que vai recorrer da decisão “por estar convicto da sólida sustentaçã­o jurídica apresentad­a ao Judiciário”.

O presidente do Sindicato dos Trabalhado­res em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Hermes Leão, lamentou a decisão da Justiça. “Recebemos a notícia com profunda indignação contra mais essa violência de Estado. Além da Justiça inocentar os agressores, percebemos ainda um esforço de criminaliz­ar os manifestan­tes. Isso é inaceitáve­l. Estávamos protestand­o de forma legítima contra o uso indevido da previdênci­a dos servidores”, lembrou.

Leão disse que o sindicato vai acompanhar o trabalho do Ministério Público, que prometeu recorrer. “É importante que o MP recorra. Nós vamos acompanhar os desdobrame­ntos na esperança de que se faça valer os preceitos do Estado democrátic­o de direito, não esse conchavo entre os poderes que vimos nesta decisão”, criticou. O sindicalis­ta também disse que o episódio do dia 29 de abril sempre será lembrado pelos professore­s. “Apesar das dificuldad­es e das afrontas, continuare­mos na luta”, prometeu. O governo do Estado preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Ministério Público informou que vai recorrer da decisão

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