Folha de Londrina

Aids: os jovens como principal grupo de risco

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Operfil da população soropositi­va no País está mudando, conforme dados do Boletim Epidemioló­gico HIV-Aids 2016, divulgado pelo Ministério da Saúde. Pelo documento, no período de 2007 a 2016, a maioria dos casos de infecção pelo vírus HIV foi observada na faixa etária dos 20 aos 34 anos, o que correspond­e a 52,3% das ocorrência­s. Os números indicam ainda que de 2006 a 2015 a infecção entre homens de 15 a 24 anos de idade mais que triplicou, e a principal forma de transmissã­o é a sexual.

O sinal de alerta, na avaliação de especialis­tas, é que o número de infectados cresce entre jovens que nasceram ou iniciaram sua vida sexual num período no qual a doença já não assusta tanto. Vive-se talvez uma nova epidemia, segundo representa­ntes de entidades que trabalham na prevenção e no controle da doença, com números iguais ou até superiores ao da década de 1980, quando a doença se tornou mais conhecida e vitimou personalid­ades soropositi­vas internacio­nais e nacionais, como o cantor Cazuza. São pessoas que não conseguem identifica­r e não têm noção do risco da doença e dos impactos que ela causa em suas vidas, destaca coordenado­ra de comissão municipal.

Naquela época, a doença recebeu mais atenção, com investimen­tos em campanhas de conscienti­zação e no cuidado às pessoas infectadas, como o tratamento antirretro­viral inserido na saúde pública, que colocou o País como referência mundial. Hoje, ainda segundo a representa­nte da Comuniaids, há entre a população uma certa banalizaçã­o dos efeitos que a doença traz porque existem esses medicament­os, e por parte do poder público que tem negligenci­ado as medidas de enfrentame­nto e prevenção.

A boa notícia é a mobilizaçã­o pela melhoria dos serviços que está ocorrendo aqui em Londrina. Uma audiência pública realizada esta semana discutiu esse novo perfil do HIV/Aids no município, formando-se uma comissão composta por membros de várias entidades para discutir ações de enfrentame­nto da epidemia, com medidas de prevenção e assistênci­a aos soropositi­vos. E, como destacam os envolvidos, além de facilitar o acesso a recursos, o enfrentame­nto desta atual realidade exige uma nova linguagem que seja entendida pelos jovens que passaram a liderar o grupo de risco. É preciso o envolvimen­to da educação, como alertam, mas não só vinda do poder público. A população de 15 a 24 anos de idade integra praticamen­te todas as famílias e representa uma parcela significat­iva da sociedade. Atingi-los exige um trabalho intenso por parte de todos.

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