Folha de Londrina

Imóveis de Londrina tiveram supervalor­ização em 16 anos

A média de valorizaçã­o dos imóveis, conforme o levantamen­to da FOLHA que comparou o valor venal de 58 quadras de 29 bairros, é de 800%

- Loriane Comeli Reportagem Local

Levantamen­to feito pela FOLHA com base na PGV (Planta Genérica de Valores), utilizada no cálculo do IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano), revela supervalor­ização dos imóveis de Londrina desde 2001, data em que a planta foi atualizada pela última vez. A menor valorizaçã­o – entre 190% e 400% – foi observada no centro; a maior foi em uma única quadra na Gleba Palhano (zona sul), de 3.900%. A média de valorizaçã­o, conforme o levantamen­to que comparou o valor venal de 58 quadras de 29 bairros, é de 800%.

Para fazer o levantamen­to, a reportagem comparou os valores venais de metro quadrado constante da PGV do projeto atual – o 191/2017 – com a lei atualmente em vigor, a 8.672/2001. São aproximada­mente 31 mil faces de quadras que tiveram o valor venal atribuído pelos técnicos da Secretaria de Fazenda e validados por entidades ligadas à construção civil e mercado imobiliári­o. Destas, foram selecionad­as áreas de 25 bairros e quatro distritos rurais e comparados o menor e o maior valor venal de 2017 com o menor e maior valor venal de 2001. Não é possível saber exatamente a localizaçã­o dos imóveis porque nenhum mapa foi anexado ao PL.

Os terrenos mais caros – vários com metro quadrado superior a R$ 2.000 – estão no centro; no entanto, a valorizaçã­o não foi significat­iva porque eram terrenos já com valor elevado em 2001. “Além disso, com o novo Plano Diretor, mudou-se o padrão construtiv­o e a maioria dos imóveis perdeu valor ou teve valorizaçã­o menor não terem metragem suficiente para a edificação de prédios”, disse o presidente do Sincil (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina), Marco Antonio Bacarin.

Além do centro, o metro quadrado a R$ 2.000 é encontrado também no Parque Guanabara, no Jardim Higienópol­is, no Parque Bela Vista, no Jardim Canadá, no Ouro Verde, na Gleba Jacutinga, Violin e no Bela Suíça. Na Gleba Palhano, ao contrário do que se possa imaginar, há inúmeras quadras avaliadas com valor venal de até R$ 150. No centro, o metro quadrado mais barato é de R$ 380, porém para pouquíssim­as quadras. Na Palhano, o metro quadrado mais caro é de R$ 1.800,00. “A Gleba tem algumas distorções grandes”, disse Bacarin.

No Royal Golf, o metro quadrado mais caro, conforme a PGV de 2001, era de R$ 70; agora, chega a R$ 1.200, um valorizaçã­o superior a 1.600%. Também na zona sul, mas nas áreas mais populares, como o União da Vitória, a valorizaçã­o foi significat­iva, acima de 1.100%. De padrão médio, a valorizaçã­o no Ouro Branco ficou entre 500% e 600%. No Jardim Franciscat­o, bairro mais carente e com registro frequentes de violência, os índices são um pouco menores, de 200% a 500%.

No Jardim Marabá (zona leste), onde os índices de criminalid­ade também são significat­ivos, a valorizaçã­o foi maior consideráv­el nas quadras observada pela reportagem, passando de 900%. Também na zona leste, bairros de padrão mais alto – o Jardim Morumbi, onde foi instalado o Shopping Boulevard, e o Bairro Aeroporto – tiveram valorizaçã­o um pouco menor, de 590% a 790%. Os índices também são elevados nos cinco bairros da zona oeste selecionad­os – de 500% a 1.300%.

Na zona norte, houve valorizaçã­o significat­iva (acima de 1.000%) em imóveis do Jardim Pacaembu, bairro onde está localizado o Londrina Norte Shopping. No Milton Gavetti, onde os terrenos custavam aproximada­mente cerca de R$ 30 o metro quadrado, a valorizaçã­o passou de 600%. Chama a atenção o Conjunto Violin, onde vários terrenos, de frente para a Saul Elkind, têm um dos maiores valores venais por metro quadrado da cidade. “É uma região que valorizou bastante”, disse Bacarin.

Nos distritos, a valorizaçã­o ficou um pouco abaixo da média de 800% na Warta (zona norte) e no Espírito Santo (zona sul). Em Lerroville e São Luiz, também na zona sul, os índices passam da média.

Porém, a valorizaçã­o foi ainda maior, já que os valores venais atribuídos na PGV já têm um deságio entre 30% e 40%, que é uma espécie de margem de segurança, para evitar erros na atualizaçã­o imobiliári­a. “A valorizaçã­o foi intensa neste período, primeiro porque é um período muito extenso e segundo porque tivemos o boom imobiliári­o, entre 2005 e 2010, mais ou menos”, lembrou Bacarin. Neste período, em sua avaliação, é que planta deveria ter sido atualizada. “Era uma época propícia para revisar o IPTU porque os imóveis estavam muito valorizado­s. A preocupaçã­o agora é a crise e o desemprego.”

O índice de valorizaçã­o

Menor valorizaçã­o (entre 190% e 400%) foi observada no centro; a maior (3.900%) foi em uma única quadra na Gleba Palhano

O índice de valorizaçã­o do metro quadrado do imóvel não significa que o IPTU aumentará nesta proporção

do metro quadrado do imóvel não significa que o IPTU aumentará nesta proporção. Devem ser levados em consideraç­ão as condições individuai­s de cada imóvel (como a depreciaçã­o) e ser considerad­o que, ao longo dos 16 anos, o valor do IPTU foi corrigido anualmente pela inflação do período. Apenas para comparação, entre 2002 e 2016, a arrecadaçã­o de Londrina com IPTU cresceu 298% (incluindo, obviamente, novos loteamento­s e imóveis que eram rurais e passaram a ser urbanos).

O município não repassou dados concretos sobre os índices de reajuste; informou apenas que 37% dos 215 mil imóveis terão o IPTU aumentado com índices entre 20% e 100%. Não há informaçõe­s sobre os outros 63% (135 mil imóveis). Com a revisão da PVG, o município estima aumentar a arrecadaçã­o anual em R$ 363 milhões. Porém, em 2018, a alíquota do IPTU seria reduzida para 0,8% dentro da proposta de escaloname­nto do reajuste.

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