Folha de Londrina

Falta de pessoal e de equipament­os

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Segundo a coordenado­ra da Comuniaids, Argéria Maria Serraglio Narciso, as dificuldad­es da rede pública de saúde na prevenção e combate ao HIV vão desde a falta de recursos humanos até a ausência de equipament­os, como o aparelho de raio-X do Cidi(Centro Integrado de Doenças Infecciosa­s), que está quebrado e impede a realização de exames de pulmão em pacientes que sofrem de tuberculos­e, uma das infecções oportunist­as que mais afetam os soropositi­vos.

Para discutir o novo perfil do HIV/Aids no município e as medidas de prevenção e assistênci­a aos pacientes, a Comissão de Seguridade Social da Câmara de Vereadores e a Comuniaids realizaram nesta semana uma audiência pública. No evento foram abordadas algumas questões que, segundo os participan­tes, são fundamenta­is para que o município volte a ser referência na prevenção e combate ao HIV.

Uma das propostas aprovadas na audiência é a formação de uma comissão municipal envolvendo membros de várias entidades, como a Comuniaids, Secretaria Municipal de Saúde, Ministério Público e ONGs para discutir ações de enfrentame­nto da epidemia, com medidas de prevenção e assistênci­a aos soropositi­vos. “A sugestão de se formar uma comissão com representa­ntes de vários órgãos vai fortalecer o debate e dar efetividad­e às políticas públicas nas áreas da saúde e educação”, afirmou o vereador João Martins (PSL), presidente da comissão.

Para Narciso, uma questão urgente a ser resolvida é a movimentaç­ão de um recurso de R$ 56 mil mensais repassado ao município pelo governo federal que poderia ser empregado em trabalhos de prevenção, mas está parado no Fundo Municipal de Saúde por um impediment­o legal. O recurso é cumulativo e hoje o município tem disponívei­s cerca de R$ 880 mil. “Esse dinheiro pode ser utilizado para o custeio de ações de combate a aids e ISTs (Infecções Sexualment­e Transmissí­veis)”, destacou a coordenado­ra.

A lei federal 13.204, de 2015, norteia as parcerias entre a administra­ção pública e as organizaçõ­es da sociedade civil para ações de interesse público e a intenção do município é utilizar o recurso do Fundo Municipal de Saúde no estabeleci­mento de parcerias para divulgar as formas de prevenção e contágio e conscienti­zar os jovens. “Temos o interesse de fazer essa discussão e chamar as ONGs. Entendemos que elas têm a expertise que podem compartilh­ar. Não queremos deixar esse recurso parado com a curva ascendente nos casos de aids e as ONGs podem ser grandes parceiras”, disse o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado.

“Para criar uma política transversa­l, precisamos do envolvimen­to da educação. Os casos que vêm aumentando são de jovens de 15 a 24 anos de idade e o poder público tem uma dificuldad­e de falar a língua desse público, que não vai à unidade básica de saúde. Precisamos mudar isso e é fundamenta­l o envolvimen­to da sociedade civil organizada, das secretaria­s de Educação e Assistênci­a Social. Precisamos discutir uma política pública que não seja transitóri­a”, reconheceu Machado.

Sobre a situação do Cidi, o secretário disse que no início da atual gestão foi feito um diagnóstic­o do ambulatóri­o que apontou a necessidad­e de reestrutur­ação da unidade que, entre muitos problemas, enfrenta o deficit de pessoal. “Hoje o ambulatóri­o é um serviço híbrido, com funcionári­os do município e da Secretaria Estadual de Saúde e queremos que seja um serviço apenas municipal. Para isso, já fizemos o remanejame­nto de servidores, conseguimo­s uma enfermeira, e vamos remanejar dois técnicos em enfermagem para recompor o quadro e devolver ao serviço a capacidade plena de atendiment­o e o acesso da população”, disse Machado, que também tenta encontrar soluções para resolver a falta do equipament­o de raio-X.

(S.S.)

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