Folha de Londrina

‘A prevenção é a melhor coisa’, diz soropositi­va

Mulher de 43 relata que foi contaminad­a pelo marido; atualmente ela trabalha no Núcleo Londrinens­e de Redução de Danos

- Simoni Saris Reportagem Local

Aredutora de danos Maria Cláudia Ramos Stasiak, 43, recebeu o diagnóstic­o de soropositi­vo em 1993, aos 19 anos de idade. Ela foi contaminad­a pelo marido, que fazia uso de drogas injetáveis e, apesar de ter sido alertada por terceiros de que o marido tinha o vírus HIV, não acreditou e continuou mantendo relações sexuais com ele sem proteção. “Eu achava que o amor era tudo e que nada iria me atingir”, relembra.

Quando teve o vírus diagnostic­ado, Maria Cláudia entrou em desespero e chegou a pensar em suicídio, mas pensou que a filha de apenas 3 anos de idade ficaria desamparad­a e desistiu da ideia. Mas durante dois anos ela se “escondeu do mundo”. “Chorava muito, era deprimida, não tinha coragem de me relacionar com ninguém até que não sei o que aconteceu e eu resolvi procurar o pessoal da saúde. Comecei a usar o medicament­o, contei para a minha irmã que eu era soropositi­va e hoje estou bem.”

Stasiak trabalha no Núcleo Londrinens­e de Redução de Danos e conta que no seu dia a dia encontra pessoas jovens que se infectaram por acreditar que a aparência é indicativa da saúde de uma pessoa. Em testes rápidos de saliva feitos nas ruas recentemen­te, ela encontrou uma menina de 17 anos que tinha o vírus e outras duas pessoas, de 20 e 24 anos, que também foram contaminad­as. “As pessoas sabem como se dá o contágio, mas ainda é muito frequente dizerem que não gostam de usar preservati­vo. Eles também dizem que só saem com pessoas saudáveis, mas aí eu falo para eles que embora eu tenha uma aparência saudável, sou soropositi­va”, alerta.

Após descobrir o vírus, Stasiak teve outros três filhos e nenhum deles é soropositi­vo. Ela ressalta que com os antirretro­virais consegue levar uma vida normal, mas afirma que o melhor a fazer é investir na prevenção, sempre. “A prevenção é a melhor coisa que tem. Os remédios ajudam muito. Se não fosse o medicament­o, eu não teria conhecido meus quatro netos. Hoje eu tenho uma vida normal, mas a mesma coisa nunca vai ser. Se fico dois dias sem tomar o remédio sinto muitas dores no corpo e falta de disposição. Não consigo nem me levantar da cama. Sem contar que tem muito preconceit­o também”, diz ela.

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