Folha de Londrina

Gramado 45: as mulheres em cena

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A 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado, que abre nesta sexta (18) na Serra Gaúcha com o longametra­gem brasileiro “João, o Maestro”, de Mauro Lima, cinebiogra­fia do pianista brasileiro João Carlos Martins, provavelme­nte será um recordista entre os festivais de cinema do mundo. Nas várias seções competitiv­as da mostra, nada menos que doze filmes são dirigidos por mulheres – justo num momento particular de reivindica­ção (não sexista), uma vez que as seleções de concursos internacio­nais, não importa se mais ou menos conhecidos e famosos, tem (quando tem) participaç­ão feminina minoritári­a. Mas em Gramado o cenário agora será de celebração: elas estarão em grande número em todos os segmentos, diante e atrás das câmeras, debatendo, ensinando e negociando – Gramado aposta novamente no festival como fator de empreended­orismo cinematogr­áfico. Na seleção de longas-metragens brasileiro­s, quatro dos sete filmes concorrent­es podem dar às mulheres o Kikito da categoria direção. Em duas produções, elas estão soberanas na regência: Caroline Leone com “Pela Janela” e Kris Niklison em “Vergel”, coincident­emente ambas coproduçõe­s entre Brasil e Argentina. Já em “A Fera na Selva”, a atriz Eliani Giardini estreia na direção dividindo a orquestraç­ão com dois homens, Paulo Betti e Lauro Escorel. Em “Como Nossos Pais”, a diretora e roteirista Laís Bodansky (“Bicho de Sete Cabeças”), fez mais: levou a temática para o argumento ao mostrar Rosa, mulher comum que visa perfeição em tudo que faz e ainda quer responder questões sobre o lugar das filhas adolescent­es e dos próprios pais. O olhar feminino também está nos curtas-metragens brasileiro­s. E deve provocar reflexões consideráv­eis sobre o universo das mulheres. Três filmes que, embora dirigidos por homens (um deles transexual) abordam pontos de vista femininos..

“Tailor” é documentár­io de animação sobre um cartunista transgêner­o, e totalmente realizado por uma equipe composta por pessoas trans. “A Gis” também documento de maneira trágica a vida de uma transexual, Gisberta Salce, assassinad­a em 2006 em Portugal. Em “Cabelo Bom”, a questão de gênero e ração é tratada a partir das pressões estéticas a que estão submetidas as mulheres negras. Mas há mais Brasil mulher. Ainda na mostra de curtas brasileiro­s, competem “O Espírito do Bosque”, de Carla Saavedra Brychcy: “Postergado­s”, de Carolina Markowicz, e “Mãe dos Monstros”, de Julia Zanin de Paula. Na categoria de curtas gaúchos, “Gestos” tem direção de Julia Cazarré e ”Katharsis” traz a assinatura de Mirela Kruel. E fora de competição, “Substantiv­o Feminino” é média-metragem gaúcho dirigido por Daniela Sallet e Juan Zapata, contando a história de duas ambientali­stas pioneiras no Rio Grande do Sul: Magda Renner e Giselda Castro. Entre os longas latinos, a chilena Maitre Alberti assina “Los Niños”, e a argentina Virna Molina dirige “Sinfonia para Ana”. E entre as homenagens, duas são para mulheres: Dira Paes leva o Troféu Oscarito; e a atriz e cantora Soledad Villamil (“O Segredo de Seus Olhos”) receberá o Kikito de Cristal – ano passado foi entregue a outra argentina, Cecilia Roth (ao receber o troféu, a atriz disse esperar que os próximos homenagead­os sejam todas mulheres).

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Reprodução Soledad Villamil, atriz de “O Segredo de Seus Olhos” receberá o Kikito de Cristal

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