Folha de Londrina

Advogados querem anular julgamento de Zoza

Em júri de quase 17 horas, Edson dos Santos Rodrigues foi condenado a 75 anos de prisão por mandar matar cinco pessoas entre 2011 e 2012

- Celso Felizardo Reportagem Local

Após quase 17 horas de julgamento, o tribunal do júri do Fórum de Londrina considerou Edson dos Santos Rodrigues, o Zoza, culpado pelos crimes de financiame­nto ao tráfico de drogas, quatro homicídios, uma tentativa de homicídio e corrupção de menores. Com base na decisão dos jurados, a juíza da 1ª Vara Criminal, Elizabeth Khater, fixou pena de 75 anos de prisão para Zoza. Já os outros quatro réus foram condenados a penas que variam de 21 a 49 anos de prisão.

Os crimes ocorreram entre 2011 e 2012 pela disputa do controle do tráfico no Jardim Nossa Senhora da Paz, conhecida como favela da Bratac, na zona oeste de Londrina. Zoza foi condenado por mandar matar desafetos quando já estava dentro do sistema prisional. Após o julgamento, ele foi levado para um presídio de Londrina e de lá retornaria para a Penitenciá­ria Federal de Mossoró (RN), onde estava preso. Zoza já cumpria pena por ser coautor do homicídio de um menino de 11 anos, crime cometido em Londrina, em 2006.

Os advogados André Salvador, que representa Zoza, e Natália Karolenski, que faz a defesa dos réus Neverton Damaceno e Jeferson Rangel Arruda, disseram que devem recorrer da decisão por considerar­em que a conduta da juíza influencio­u os jurados. Salvador adiantou que irá pedir a nulidade do julgamento por considerar que a magistrada “atuou de forma parcial”. “Ela cerceou vários direitos da defesa, fez comentário­s desnecessá­rios por diversas vezes e depreciou a prerrogati­va dos advogados”, indignou-se.

O julgamento, que começou às 9h30 de quinta (17) e só acabou no início da madrugada do dia seguinte, foi marcado por discussões constantes entre os advogados e a juíza. “Ela estava descontrol­ada, nervosa, agressiva e foi desrespeit­osa. Quis iniciar o júri sem a presença dos réus e sem que eles pudessem falar com os advogados. Tenho plena convicção que isso influencio­u na decisão dos jurados”, afirmou. Ele também considerou a pena “exacerbada”.

Karolenski disse que ainda vai conversar com o réu Damaceno, mas relatou que provavelme­nte também deve recorrer da decisão. “Devemos recorrer em virtude da forma peculiar da condução do julgamento. Foi possível notar a ausência de imparciali­dade em alguns momentos. Mesmo que tenha sido involuntar­iamente, o modo de agir pode ter interferid­o na decisão dos jurados, sim”, considerou. Damaceno foi condenado a 48 anos. Já Arruda, que está foragido e não participou do júri, recebeu sentença de 49 anos de prisão.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Bruno José da Silva e Mauro Lúcio Marques Junior. A juíza Elizabeth Khater foi procurada na 1ª Vara Criminal, mas sua assessoria informou que ela não iria se manifestar sobre o caso.

O julgamento teve forte aparato policial para evitar um possível resgate dos presos no tribunal. A Polícia Militar montou um esquema de segurança ao redor do fórum com viaturas, motos e o Pelotão de Choque. Zoza é conhecido por ser o chefe da quadrilha que atuava na favela da Bratac, na zona oeste da cidade. Em seu depoimento, ele confessou crimes de furto e envolvimen­to com o tráfico de drogas, mas negou os homicídios atribuídos a ele.

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Anderson Coelho/17-8-2017 Zoza já cumpria pena por ser coautor de um homicídio e deve voltar para a Penitenciá­ria Federal de Mossoró

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