Folha de Londrina

Linguagem inscrita no corpo

- Marian Trigueiros Reportagem Local

Uma cabeça numa gaiola, uma mão segurando uma mala, um pé perdido em outro canto. Essas são algumas das cenas nas quais Artur Luanda Ribeiro (diretor, cenógrafo, iluminador e intérprete) e André Curti (diretor, coreógrafo e intérprete) revezam-se em uma simbiose entre bonecos-corpos, cujos membros estão soltos e espalhados pelo palco. Em um espetáculo em que não há qualquer texto por meio de diálogos ou falas, o desafio dos dois é se movimentar e comunicar apenas pelo corpo, pois ele é a própria linguagem. “Gritos”, que será apresentad­o neste sábado (19) e domingo (20), às 20h, no Teatro Ouro Verde, na programaçã­o do FILO 2017 (www.filo.art.br), traz um ambiente onírico, vivido pelos atores e bonecos, com três histórias distintas, mas que falam abordam a mesma temática: o amor, fio condutor do que este sentimento e a falta dele acarretam.

A montagem, da companhia franco-brasileira Dos à Deux, mais do que nunca, traz à cena o conceito de teatro gestual pela união de três poemas ou ‘gritos’ metafórico­s: “Louise e a Velha Mãe” (o masculino e o feminino habitando o mesmo corpo), “O Muro” (o homem cuja cabeça está no outro lado do muro) e “Amor em Tempos de Guerra” (a luta pela sobrevivên­cia dos refugiados) que, além do amor, também falam de racismo, homofobia e menosprezo de maneira diluída e poética. “A figura do homem é o centro de tudo nesses conflitos. Com a transposiç­ão dos corpos, causa-se uma realidade em que não há divisão entre o corpo do ator, manipulado­r e boneco, seja na figura do feminino e masculino. A ilusão se dá pelo próprio espectador na qual são possíveis várias camadas de leitura desse balé metafísico”, explica Artur Luanda.

O espetáculo Gritos foi vencedor das principais premiações de artes cênicas no país, com duas indicações para a 29ª Edição do Prêmio Shell de Teatro, quatro indicações para a 4ª Edição do Prêmio Cesgranrio de Teatro.

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Fernanda Montenegro:“O que eu faço em cena é uma leitura extremamen­te simples, objetiva, não tem nada de espetáculo”
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Renato Mangolin/ Divulgação “Gritos”: a companhia franco-brasileira Dos à Deux traz à cena o teatro gestual
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