ABRAHAM SHAPIRO
Poder só é útil quando resulta do propósito de promover o bem de todos
O poder pelo poder
Uma empresa contratou um diretor do tipo sargentão rude, severo e fanático por transformações radicais, do tipo revolução.
Primeiro dia após a posse. Acompanhado de dois assessores, ele sai para uma inspeção em todas as áreas da companhia. Chegando ao armazém, todos trabalhavam. Ele dá uma vista geral e vê um moço parado, com as mãos no bolso e encostado a um balcão. Notando aí a grande oportunidade de validar seu modelo de gestão ditatorial frente a um grande grupo de colaboradores, ele pergunta: - Ei, você. Quanto é o seu salário? Sem entender o que se passa, o jovem responde: - Mil reais, senhor! O diretor tira R$ 1.000,00 em dinheiro do bolso e os dá ao rapaz, dizendo:
- Aqui está o seu mês. Suma daqui. A partir de hoje nunca mais haverá gente à toa fingindo trabalhar nesta empresa.
O rapaz pega o dinheiro, guarda-o e sai rapidamente, conforme as ordens.
Então o diretor dirige-se ao operário mais próximo da cena e o questiona: - Você sabe dizer o que esse ‘traste’ fazia aqui? - Sim senhor – responde o empregado, confuso. Ele veio fazer a entrega de uma mercadoria que um dos nossos fornecedores enviou. Poder pelo poder. Do que isso vale? Mandar é bom – com sabedoria, experiência e a devida consideração pelas pessoas. Pôr o comando nas mãos de um indivíduo com tais atributos não é só importante como indispensável. Em qualquer instituição.
O problema concentra-se integralmente sobre aquela finíssima linha – mais frágil do que uma folha de alface –, que separa o “desejo de poder” da “insanidade mental”.
Poder só é útil quando resulta do propósito de promover o bem de todos. Não sendo assim, reduz-se ao impulso de domínio. A partir daí é que as pessoas deixam de ser viáveis em sua função e tornam-se definitivamente estúpidas.