Folha de Londrina

Estradas rurais e abandono

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Osentiment­o de abandono toma conta dos moradores da zona rural de Londrina nos dias de chuva mais intensa. Com as estradas intransitá­veis, a lama invade a rotina de cidadãos que precisam se locomover e não conseguem chegar ao trabalho, ao médico, à escola. Os carros não podem sair, os ônibus não passam. Reportagem publicada na última semana na FOLHA mostra o drama dessas famílias e traz à tona um problema crônico. Segundo dados da prefeitura, dos 803,22 km de extensão de estradas rurais do município, 645,62 não são pavimentad­os (80,37%). E do total de vias que passam por distritos, apenas 157,6 quilômetro­s são asfaltados (19,62%). O problema é que nem sempre essas vias recebem manutenção adequada. Na prática, é mesmo um abandono. A reportagem mostra casos como o da escola municipal localizada no assentamen­to Eli Vive, no distrito de Lerroville (zona sul), que já chegou a ficar 15 dias sem aula em função das más condições das estradas, afetando mais de 200 alunos. Sabemos que a falta de atenção com as estradas atinge ainda os produtores rurais, principalm­ente em momentos que precisam escoar a safra. A situação leva ao aumento de custo da atividade agrícola, já que muitas vezes é preciso aumentar o número de fretes e gastar com equipament­os que quebram, por conta das más condições de tráfego. A administra­ção municipal justifica que, além da falta de máquinas e funcionári­os, a estiagem de mais de 60 dias deixou as estradas em condições difíceis de manutenção. A própria prefeitura admite que seria necessário dobrar o efetivo e o maquinário. Situações extremas, como as chuvas históricas de 11 de janeiro de 2016, que deixaram um rastro de destruição no Norte do Paraná, nos fazem pensar de forma mais aprofundad­a no assunto. Além da falta de recursos para garantir à população a manutenção adequada das estradas rurais, é preciso repensar os sistemas de drenagem das cidades e insistir em campanhas voltadas ao produtor rural. É essencial que ele conserve sua propriedad­e, para que a enxurrada não carregue a terra para a estrada.

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