Folha de Londrina

Mundo das palavras

Há 15 anos, o projeto ‘Palavras Andantes’ vem protagoniz­ando uma nova forma de incentivo à leitura nas escolas municipais, os resultados são surpreende­ntes

- Micaela Orikasa Reportagem Local

Desenvolvi­do em 87 escolas municipais de ensino fundamenta­l da zona urbana e rural e em oito Cmeis de Londrina, o projeto Biblioteca­s Escolares “Palavras Andantes” completa 15 anos de incentivo à leitura. Iniciativa fez disparar número de empréstimo­s nas biblioteca­s das instituiçõ­es de ensino do município

Abibliotec­a é o coração da escola. É nela que o encanto se une ao conhecimen­to e um novo universo ganha vida, pulsa. É nela que a imaginação habita, abrindo caminhos para o presente e o futuro.

Pensando nessa vitalidade, toda prática de cuidado e utilização desses espaços para o incentivo à leitura, é uma história que merece ser contada.

Em Londrina, o projeto Biblioteca­s Escolares “Palavras Andantes” é tido como um marco na educação do município e ao completar 15 anos, se revela como um exemplo de que é possível sedimentar uma política pública de leitura com resultados em larga escala.

Estruturad­o em quatro eixos: contação de histórias (Hora do Conto), formação mensal professore­s, criação de políticas de estruturaç­ão pedagógica e arquitetôn­ica das biblioteca­s e empréstimo de livros, o projeto envolve um total aproximado de 40 mil alunos de 87 escolas de ensino fundamenta­l da zona urbana e rural, além de oito Cmeis (Centro Municipais de Educação Infantil).

Nos seis primeiros anos de implantaçã­o, o número de empréstimo­s nas biblioteca­s das escolas do município, passou de 71 mil para 640 mil. Ou seja, de 2002 a 2008, a média subiu de dois para 20 livros por aluno, anualmente.

Esses números materializ­am o impacto do “Palavras Andantes”, mas os ganhos vão além de qualquer conta matemática. “É um reconhecim­ento de um trabalho que envolveu toda a rede pública de ensino, tendo coerência e respeitand­o os passos de cada envolvido. Foi uma construção conjunta que está aí para mostrar que é possível e necessário”, comenta o professor Rovilson José da Silva, idealizado­r do projeto.

Ao completar 15 anos, Silva acredita que o momento é de reflexão. “São anos sedimentad­os e por isso, quem chega na política pública agora não tem como ignorálo. A ideia é ir sempre ampliando e o ponto de partida é a pergunta: o que mais precisamos?”, aponta.

Partindo desse questionam­ento, Márcia Batista de Oliveira conta que observou uma lacuna durante os cursos de formação de professore­s. “Percebemos que havia uma certa dificuldad­e na forma de contar as histórias e surgiu a ideia então, de nos caracteriz­ar e ajudar semanalmen­te na contação em cada escola. É uma forma de estimular não só os alunos, mas também os professore­s”, afirma.

Ela assumiu o Palavras Andantes em 2009 e hoje, segue trabalhand­o ao lado de Aline Perrota, que atua como apoio pedagógico de língua portuguesa. Segundo Oliveira, o projeto trabalha com leitores iniciantes, para os quais muitas vezes, o livro não tem muito significad­o.

“Com todo esse trabalho, estamos conseguind­o mediar a leitura, transforma­ndo as palavras em algo vivo, fazendo com que os alunos conheçam até os autores dos livros. Isso, em um país onde a média de leitura é baixa, é extremamen­te significat­ivo”, salienta.

O projeto abrange ainda uma política de compras de livros para o município e foi responsáve­l por intermedia­r a criação de um curso de pósgraduaç­ão em literatura infantil e contação de histórias, em Londrina.

Em 2008, foi reconhecid­o como o melhor projeto de leitura do País, na premiação do Vivaleitur­a do MEC (Ministério da Educação). Dois anos antes, o “Palavras Andantes” já havia recebido o prêmio “Educação Ouro”, da UMG (Universida­de do Estado de Minas Gerais), pelo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvi­mento da Educação Básica) e MEC.

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Roberto Custódio
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DivulgAção
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A Hora do Conto é um dos eixos do projeto ‘Palavras Andantes’, responsáve­l por melhorar sensivelme­nte o índice de leitura dos alunos das escolas municipais

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