Folha de Londrina

Ouvir a missa na língua de Madre Leônia é uma experiênci­a que nos faz viajar no tempo e no espaço

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Neste domingo tive a felicidade de assistir à missa italiana no Santuário Eucarístic­o Mariano, casa de Madre Leônia Milito. Como vocês sabem, a santa de nossa cidade nasceu na Itália. Ouvir a missa na língua de Leônia é uma experiênci­a inesquecív­el, que nos faz viajar no tempo e no espaço. A voz lírica de minha amiga Hylea Ferraz, do grupo I Bravissimi, tornou a ocasião ainda mais emocionant­e e inesquecív­el.

A missa italiana contou com a presença de um querido filho de Londrina, o padre Vitor Gropelli, que está lançando seu livro “Dom Geraldo nas memórias de um discípulo”. O livro fala sobre o primeiro arcebispo de Londrina, dom Geraldo Fernandes, ele que juntamente com Madre Leônia fundou a Congregaçã­o das Irmãs Claretiana­s, hoje uma obra internacio­nal com presença em cinco continente­s.

Ah, que alegria é escutar a beleza do missal no idioma de Dante, Petrarca, Manzoni e Ungaretti!

“Santo, santo, santo, il Signore Dio dell’universo i cieli e la terra sono pieni della sua gloria Osanna, nell’alto dei cieli! Benedetto colui che viene nel nome del Signore Osanna, nell’alto dei cieli!”

Durante a missa, o padre Vitor Gropelli nos brindou com uma bela reflexão sobre grandes mulheres do nosso tempo, entre elas Edith Stein e Madre Leônia. Ele abordou a passagem bíblica em que a mulher cananeia pede a Jesus que cure a sua filha possuída por um demônio. Os discípulos querem que a mulher se afaste, pois se trata de uma estrangeir­a. O próprio Jesus diz a ela que veio para resgatar as ovelhas perdidas de Israel: “Não convém jogar aos cachorrinh­os o pão dos filhos”. A resposta da mulher é de uma humildade comovedora: “Mas os cachorrinh­os ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos...” Aquelas palavras tocaram o coração de Jesus — e ele louvou a fé da cananeia, concedendo­lhe a salvação da filha.

Diante de Deus, nós somos exatamente como aquela mulher cananeia. Um suplicante sem fé, ao ouvir a dura resposta de Jesus, provavelme­nte se revoltaria contra Ele. Mas o verdadeiro fiel, que se sabe pecador, persevera e vê uma possibilid­ade redentora mesmo na humilhação. Imagine-se a alegria daquela mulher ao ouvir as palavras: “Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas”.

O poeta Charles Péguy dizia que em seus momentos de angústia e desespero não encontrava forças para rezar o PaiNosso. Nessas horas, a única oração possível para ele era dirigida a uma mulher: a Ave-Maria. Trata-se de uma oração constituíd­a de três partes: começa sendo feita por um anjo, Gabriel (“Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco”), segue com as palavras de uma mulher, Isabel (“Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”) e termina com a súplica de todos nós: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”.

Todos os dias, eu repito 150 vezes esta súplica. Mas, no último domingo, tive a alegria de fazê-lo na língua de Dante: “Santa Maria, Madre di Dio, prega per noi peccatori, adesso e nell’ora della nostra morte, Amen!”

A beleza da missa em italiano na casa de Madre Leônia

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