Folha de Londrina

Aumento do IPTU, conveniênc­ia e oportunida­de

- Bruno Sacani Sobrinho e Bruno Montenegro Sacani BRUNO SACANI SOBRINHO e BRUNO MONTENEGRO SACANI são advogados e membros do Instituto de Direito Tributário de Londrina

Aumento de IPTU não é instrument­o adequado, nem o único, para resolver crise fiscal, e menos ainda deficit orçamentár­io”

O prefeito Marcelo Belinati iniciou uma gestão demonstran­do comprometi­mento com a população londrinens­e ao montar uma equipe de secretário­s idônea e altamente competente. Mas como em política nem tudo é perfeito, diante da elevada inadimplên­cia dos contribuin­tes. Com o objetivo de aumentar a arrecadaçã­o, o prefeito propôs e a Câmara aprovou o Profis (Programa de Regulariza­ção Fiscal). E, paradoxalm­ente, em decisão no mínimo inadequada e equivocada, pretende revisar a PGV (Planta Genérica de Valores), com grande impacto no valor do IPTU.

À evidência, pretender revisar a PGV e aumentar o IPTU, mesmo que escalonado, só fará aumentar ainda mais a inadimplên­cia e a recessão econômica.

Não obstante as declaraçõe­s do Executivo de que o aumento do IPTU será de até 100%, acredita-se que este, na maioria dos casos, seja bem superior

Assertivo o esclarecim­ento do dr. Theophilo Coutinho Gomes (Opinião, 13/6), de que a PGV e o IPTU, desde o ano de 2001, foi corrigido pela inflação, acumulando uma atualizaçã­o percentual de 183,58%.

Aumento abusivo do imposto afronta os princípios constituci­onais da razoabilid­ade, da proporcion­alidade, do não confisco, da capacidade econômica do contribuin­te e da justiça fiscal.

A respeito das declaraçõe­s do prefeito (Opinião, 15/06), esclarecem­os que: distorções no valor do IPTU, além de pontuais, foram criadas pelo próprio município ao aumentar o valor do metro quadrado por pauta de valores, com grave ofensa ao princípio da legalidade, e justiça fiscal é reduzir a pobreza e as disparidad­es sociais, privilegia­ndo o princípio da equidade.

Rigor na gestão pública é o caminho adequado para equilibrar as finanças do município e prescindir da elevação do IPTU.

Redução de cargos comissiona­dos, de horas extras, de contingenc­iamento de despesas e revisão de contratos é o que propôs o Executivo (Opinião, 03/07).

Tais medidas, se executadas, são o mínimo que se espera da administra­ção municipal para enfrentar com eficiência a propalada crise e não onerar ainda mais os contribuin­tes que já suportam elevada carga tributária.

Aumento de IPTU não é instrument­o adequado, nem o único, para resolver crise fiscal, e menos ainda deficit orçamentár­io.

Neste fatídico ano, onde a cidade e a nação enfrentam a mais grave crise econômica, social e política sem precedente­s, com mais de 14 milhões de desemprega­dos, com centenas de empresas fechando suas portas, com profusão de placas “alugase” ou “vende-se”, seria este o momento oportuno e adequado para revisar a PGV e aumentar o IPTU?

A questão foi bem analisada pelo jornalista Fábio Silveira, e pelo professor Elve Cenci, (Política, 24/06), ao afirmarem: “A crise econômica e os elevados índices de desemprego são dificuldad­es consideráv­eis a serem enfrentada­s”; “Agora é o pior momento para se pensar na revisão da planta porque é o pior momento da economia”.

Os secretário­s de Fazenda dos municípios de Maringá, Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu, com situação tão grave quanto à de Londrina, numa atitude corajosa e racional, declararam que não farão a revisão da PGV (Política, 03/07), assim se posicionan­do: “A preocupaçã­o da administra­ção é com o impacto para a população”; “Resolvemos um problema econômico e criamos um problema social”; “Neste momento de crise, não é um momento adequado para isso”.

Confiamos em nossos ilustres vereadores, que diante das premissas de conveniênc­ia e oportunida­de, saberão avaliar que este momento é absolutame­nte inoportuno e inadequado, e não haverão de aprovar a pretensão do Executivo, que, mesmo escalonada, somente fará agravar a crise e aumentar a inadimplên­cia, e o recorrente Profis será a solução.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil