Folha de Londrina

Vereador defende pagamento da conta de luz de condomínio fechado

- Loriane Comeli Reportagem Local

Vereadores e ex-vereadores de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro) evitaram falar nessa segunda-feira (21) sobre a decisão judicial que bloqueou seus bens e do atual prefeito Amin Hannouche (PSDB) por terem supostamen­te causado prejuízos ao erário de mais de R$ 1 milhão ao aprovarem e manterem lei municipal prevendo que o pagamento das contas de energia elétrica do condomínio fechado Residencia­l Lago do Bosque seria feito com recursos públicos.

A liminar foi concedida no último dia 14 pela juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública de Cornélio, Thais Terumi Oto, em ação civil pública ajuizada pelo Grupo Especializ­ado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidad­e Administra­tiva e pela Promotoria local. Para o Ministério Público, o erário não pode custear iluminação de ruas que somente são utilizadas pelos moradores do condomínio.

O único vereador que falou abertament­e sobre a decisão judicial foi Edmar Gomes Filho (PSB), que estava presente na votação da lei de autoria de Hannouche, em 2014, que autorizou o pagamento. Disse que “ao contrário do que foi noticiado, a medida trouxe benefícios ao município e não prejuízos”.

“O MP tem o entendimen­to dele, mas a medida é um incentivo para haver investimen­tos na cidade. Outros condomínio­s têm”, disse, sem mencionar nomes. Acrescento­u que o condomínio estava em área rural e com o loteamento, a prefeitura passou a recolher IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano), cuja arrecadaçã­o é muito superior à do ITR (Imposto sobre a Propriedad­e Territoria­l Rural), e mencionou investimen­tos na construção das casas. “O empresário adquiriu tudo aqui em Cornélio.”

Segundo ele, nessa segunda-feira, vereadores e exvereador­es se reuniram na Câmara de Cornélio para traçar estratégia­s de defesa. “A reunião foi na Câmara, mas cada vereador terá seu advogado. Vamos recorrer”, afirmou.

Luiz Carlos Amâncio (PSDB), que votou contrariam­ente à revogação da lei, em projeto de autoria do prefeito seguinte, Frederico Carlos de Carvalho Alves, o Fred, em 2014, disse que está analisando “documentos e informaçõe­s” e fez a seguinte observação: “Esta situação não pode ser confundida com corrupção; não houve benefício próprio de vereador e de ninguém. Se houve alguma falha, foi mais por falta de informação. Não houve intenção de causar lesão.”

Élio José Janoni (PSDB) e Fernando Peppes (PMDB) disseram que vão adotar as medidas cabíveis e preferiram não comentar o assunto. Outro atual vereador que também teve os bens bloqueados é Helvécio Alves Badaró (PTC), presidente da Câmara, que não foi localizado ontem. Entre os ex-vereadores, a reportagem conversou com Márcia de Souza Soares e Rafael Haddad Manfio, que também disseram que irão aguardar antes de qualquer pronunciam­ento.

Também são demandados na ação os ex-vereadores Aurora Fumie Doi, Emerson Carazzai Fonseca, Reinaldo Carazzai Filho, Ricardo Leite Ribeiro, Sebastião Angelino Ramos, Sebastião Cristóvão da Silva e Vanildo Felipe Sotero, por terem aprovado a lei, e Angélica Olchaneski de Mello, Bruno Magalhães, Edson Ducci Ferreira e Rodrigo Marconcin, por terem votado contra a revogação da lei. Eles não foram localizado­s ontem. O prefeito, procurado em seu gabinete, disse que dará entrevista na quarta-feira, quando virá a Londrina.

Ao contrário do que foi noticiado, a medida trouxe benefícios ao município e não prejuízos”

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