Moradores de áreas rurais na lama
A palavra lama significa terra molhada e pastosa, mas frequentemente é utilizada figurativamente como algo ruim, degradante. Quando se fala em corrupção na política, por exemplo, a expressão “mar de lama” é recorrente. A população da zona rural de Londrina vive a experiência de ficar na lama, literalmente, a cada chuva. Dos 803,22 km de extensão de estradas rurais, 645,62 km não são pavimentados (80,37%), segundo dados da prefeitura.
A reportagem esteve na estrada conhecida como Correia de Freitas, no Patrimônio de Taquaruna, distrito de Irerê (zona sul). É o único caminho que liga a Vila Rural Esperança à PR-445, mas nos dias chuvosos é possível passar somente a pé ou a cavalo. “A estrada está pura lama. Quando a gente liga pedindo socorro, ninguém vem”, reclamou a trabalhadora rural aposentada Rosélia dos Reis Leandro.
A situação nas estradas de outros distritos é igualmente precária. O proprietário de um mercado no Patrimônio de Guairacá, Almiro Pires Ribeiro, relata que a estrada de Taquara e a estrada dos 80 alqueires estão intransitáveis para veículos de grande porte. “O ônibus de linha não consegue subir. Só carro baixo passa.”
As más condições das estrada acabam afetando a frequência de alunos em escolas dos distritos rurais. Escolas municipais como a localizada no assentamento Eli Vive, no distrito Lerroville (zona sul), já chegaram a ficar 15 dias sem aula. Em Paiquerê, o diretor da escola municipal Armando Rosário Castelo, Jadir Reis de Matos, relata que 120 dos 192 alunos comparecem às aulas em dias de chuva.