‘Aqui aprendi tudo de novo’, diz artesão
O cobrador de ônibus José Gomes Sobrinho se considera um “apaiano nato”. Desde que descobriu a deficiência da filha Luzia, 54, que teve encefalite, ele nunca mediu esforços para procurar o melhor apoio ao desenvolvimento dela. “A gente morava no sítio e cheguei a levar ela para São Paulo, onde recebi muitas orientações na ACD (Associação da Criança com Deficiência). Em 1968 mudamos para Ibiporã justamente para ter mais informações”, conta ele, que chegou a presidir a Apae local e sempre se envolveu em todas as atividades da associação.
Luzia foi uma das primeiras alunas da Apae de Ibiporã. “No começo a gente não sabia muito bem o que fazer e a Apae ajudou muito. Tanto que ela não gosta de faltar”, conta o pai, que graças ao acompanhamento recebido garante que entendeu as individualidades da filha. “Hoje a gente vive em paz”, comemora.
O aposentado Mario Donizete Leoni ainda não tinha feito 30 anos quando um acidente no sítio onde trabalhava provocou um deslocamento de retina que o deixou cego. Casado e com dois filhos pequenos, ele se viu desempregado e achava que não teria capacidade de arrumar outro meio de ganhar a vida. “Cheguei a passar fome”, recorda ele, que morava em Primeiro de Maio (Região Metropolitana de Londrina) e acabou conhecendo uma professora que tinha feito curso para ensinar cegos e se ofereceu para ajudá-lo a se readaptar. “Eu aprendi com ela e ela aprendeu comigo”, lembra Leoni, que se transformou em um exímio artesão. “Aprendi macramê e hoje meu artesanato é vendido em vários lugares, inclusive fora do Brasil.”
Em 1994 ele veio para Ibiporã e passou a ser atendido na Apadevi, onde também ensina macramê para outros alunos. “Aqui aprendi tudo de novo”, afirma o artesão, que vive com autonomia e orgulha-se de ter criado os filhos a despeito da deficiência. A filha Aline é fisioterapeuta formada pela UEL e o filho Mário estudou mecânica industrial no Cefet de Cornélio Procópio. “Faz 18 dias que ganhei minha primeira neta, Maria Luísa”, emociona-se.
Entre as mães cujos filhos frequentam a Apasi, a maior preocupação é que, mesmo surdos, eles saibam se comunicar. A dona de casa Helena Atigurro e mãe do pequeno Duarte, de 1 ano e meio, e conta que descobriu a deficiência do filho já no nascimento. “Estamos recebendo atendimento desde que ele é bebê e tem sido ótimo” conta ela, que tem se esforçado para aprender Libras e ser capaz de se comunicar com o filho.
A secretária Ângela Nati de Souza é mãe de João Vítor, 10, que frequenta a Apasi desde os 2 anos. “O centro ajuda a família toda, pois a gente foi aprendendo junto”, conta ela, que gosta especialmente que o filho frequente os projetos de teatro e “cantando com as mãos”. “São atividades importantes para a socialização”, avalia.
(C.A.)