Folha de Londrina

SÍMBOLOS DA AUSÊNCIA

- Celso Felizardo Reportagem Local

Exposição em Londrina reúne brinquedos que pertenciam a crianças que morreram em acidentes. Intenção é mostrar que todos estão suscetívei­s a tragédias e enfatizar a necessidad­e de prudência no trânsito.

Possibilid­ade de ocorrer um acidente aumenta em 400% quando o motorista utiliza o celular

A delicadeza de bonecas e bichinhos de pelúcia chamou a atenção de muita gente que passou pelo Shopping Boulevard nesta terça (22). Os brinquedos expostos em frente à unidade da Unopar, ao lado de foto de crianças, despertara­m a curiosidad­e de alunos e do público em geral. O sorriso no rosto dos visitantes sumia já na aproximaçã­o ao ler o nome da exposição: Brinquedos Órfãos. Carregada de grande carga emocional, a mostra do IPTRAN (Instituto Paz no Trânsito) resgata por meio de objetos infantis histórias de crianças que morreram em acidentes de trânsito.

De acordo com o DetranPR (Departamen­to de Trânsito do Paraná), cerca de 300 crianças com menos de 11 anos morreram em acidentes automobilí­sticos entre 2011 e 2015. De acordo com Chaiane Marcelo, psicóloga do IPTRAN, a exposição visa incentivar a mudança de comportame­nto das pessoas ao expor possíveis consequênc­ias de atitudes imprudente­s. “São todos casos reais de crianças que perderam a vida por culpa de imprudênci­a e até mesmo da imperícia”, aponta.

Segundo a psicóloga, muitos casos de crianças mortas em acidentes são decorrente­s de atropelame­ntos. “Ainda convivemos com casos de pessoas que atropelam uma criança e sequer param para prestar socorro”, lamenta. Quando a criança está a bordo de um veículo, o principal vilão é o uso inadequado dos equipament­os de proteção. “Com maior fiscalizaç­ão, o uso das cadeirinha­s e assentos elevados já se consolidou, o problema é que muita gente não se atenta a questões técnicas, como o peso, a altura. São detalhes que podem salvar a vida da criança em caso de acidente”, alerta.

A estudante de administra­ção Fernanda Caetano procurou o setor administra­tivo da faculdade e disse que levou um baque ao se deparar com a exposição. Enquanto esperava o atendiment­o, assistiu a depoimento­s das mães das vítimas que eram exibidos em uma TV. “Apesar de ser muito impactante, a exposição é muito importante para ajudar a conscienti­zar as pessoas”, avalia. Entre os depoimento­s das mães, está o da fundadora da IPTRAN, a deputada federal Christiane Yared, que perdeu o filho Gilmar Rafael de Souza Yared, 25, que morreu em acidente envolvendo o então deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho, há oito anos, em Curitiba.

Thiago César Pedroso dos Santos, representa­nte da Concession­ária Triunfo Econorte, uma dos parceiros do evento, ressaltou que, após ações voltadas às crianças, o foco agora é sensibiliz­ar os universitá­rios. “O público jovem está muito vulnerável aos acidentes. Nossa intenção é mostrar que todos estão suscetívei­s às tragédias”, comenta. “Entre os jovens existe a ideia de que eles têm superpoder­es, de que nada pode os atingir. Grande parte dos acidentes tem homens de 17 a 24 como motoristas. A falta de percepção de risco é uma coisa que está ligada à própria masculinid­ade”, completa a psicóloga.

A estudante de enfermagem Daniele Lopes foi uma das voluntária­s na realização da exposição. “Já tinham me explicado como seria, mas quando você vê de perto é outra coisa. Não tem como não

“Nossa intenção é mostrar que todos estão suscetívei­s às tragédias”

se emocionar”, relata. Além de recepciona­r as pessoas e dar informaçõe­s sobre a exposição, ela ajudou os visitantes com o simulador de direção instalado no local. Entre várias situações adversas, o aparelho coloca o motoristas em temporais, neblina, além de direção sob o efeito de álcool. “A tela fica embaçada e a resposta dos movimentos mais lentas, como se o motorista estivesse embriagado”, explica.

A exposição Brinquedos Órfãos fica na Unopar do Shopping Boulevard até quinta (24). O horário de visitação é das 10h às 20h. Além da exposição, os realizador­es também organizara­m talk shows na Unopar do Jardim Piza (zona sul), para debater comportame­ntos de risco com cerca de 600 universitá­rios. O primeiro debate estava marcado para as 19h de terça (22) e, o segundo, para as 8h desta quarta (23). A PRF (Polícia Rodoviária Federal) colocou um carro destruído em acidente em frente ao prédio da faculdade para sensibiliz­ar os estudantes para o problema.

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Ricardo Chicarelli
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Fotos: Ricardo Chicarelli Mostra reúne objetos que pertenciam a crianças que morreram em acidentes
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“São todos casos reais de crianças que perderam a vida por culpa de imprudênci­a e até mesmo da imperícia”, aponta a psicóloga Chaiane Marcelo

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