Folha de Londrina

Funaro assina acordo e dá o caminho do dinheiro ao PMDB

A expectativ­a é que a PGR use partes da delação de corretor de valores nas investigaç­ões sobre o presidente Michel Temer

- Bela Megale Reynaldo Turollo Jr. Folhapress Brasília

- O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, preso em Brasília, assinou nessa terça-feira (22) acordo de colaboraçã­o premiada com a PGR (Procurador­ia-Geral da República) que estava em negociação havia cerca de três meses.

Segundo pessoas envolvidas nas tratativas, Funaro, que foi transferid­o da penitenciá­ria da Papuda para a carceragem da Polícia Federal na segunda (21), já deve começar a prestar os depoimento­s. Para agilizar as oitivas, ele deve continuar sob custódia na sede da PF.

O teor da delação é mantido em sigilo. O próximo passo será o envio do acordo para o STF (Supremo Tribunal Federal), que precisa homologá-lo para que ele tenha valor para as investigaç­ões.

Conforme a reportagem apurou, Funaro, operador do PMDB ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se compromete­u a mostrar aos procurador­es o caminho do dinheiro para o partido.

O foco central da delação é o grupo político conhecido como “PMDB da Câmara”, do qual faz parte Cunha, que está preso no Paraná. Funaro deverá entregar provas de pagamentos de propina. nas investigaç­ões sobre o presidente Michel Temer. O operador é figura central na delação de executivos da J&F, controlado­ra da JBS, que atingiu o governo federal em maio, quando veio a público.

Temer foi gravado no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março por Joesley Batista, um dos donos do frigorífic­o. No diálogo, segundo a investigaç­ão da PGR, Joesley diz a Temer que está pagando propina para manter Funaro e Cunha em silêncio na cadeia. Temer, então, dá aval aos pagamentos, conforme a investigaç­ão.

Funaro é apontado como o operador financeiro do “PMDB da Câmara”, que, segundo diferentes investigaç­ões, atuou na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, banco que administra o fundo de investimen­tos do FGTS (FI-FGTS).

O corretor responde a uma ação na Justiça Federal em Brasília sob acusação de envolvimen­to em desvios no FIFGTS, junto com Cunha e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) -que também está preso. A ação penal derivou da Operação Sépsis, um desdobrame­nto da Lava Jato em Brasília.

Além dessa ação, Funaro é um dos 15 alvos do inquérito que tramita no STF para investigar suposta formação de organizaçã­o criminosa por membros do PMDB da Câmara, o chamado “quadrilhão”. A delação firmada nesta terça deve auxiliar nesse inquérito.

TEMER A expectativ­a é que a PGR use partes da delação de Funaro

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