Folha de Londrina

União pretende manter poder de veto na Eletrobras

Estimativa é de arrecadar R$ 27 bilhões, caso sejam incluídos os 14 mil MW em contratos de até 20 anos

- Eduardo Rodrigues Fernando Nakagawa (Com Folhapress)

Brasília - O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que o governo pretende anunciar “o quanto antes” o modelo que será utilizado para a privatizaç­ão da Eletrobras, ainda este ano. Ele estimou que o processo possa ser concluído ainda no primeiro semestre de 2018. Apesar da privatizaç­ão, o desenho que está sendo estudado para a operação prevê que a União mantenha uma “golden share”, com popanhias der de veto em decisões da companhia. O nome Eletrobras também deve ser mantido. Após o processo, a União passará a deter participaç­ão inferior na empresa.

Coelho Filho disse que o debate sobre a desestatiz­ação já existia no governo e repetiu que a empresa - nas condições atuais - tem dificuldad­es em honrar seus compromiss­os e ainda competir no mercado. “O aumento de tarifas e de encargos não são alternativ­as”, afirmou.

O ministro considerou a venda da empresa um movimento “fundamenta­l” para desenvolvi­mento do mercado elétrico brasileiro e citou o apoio dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Dyogo Oliveira (Planejamen­to) e Henrique Meirelles (Fazenda).

“A operação não é uma simples venda de ações para pagar contas. Ficou comprovado que não era possível continuar com o atual modelo. A União e os consumidor­es não têm condições de continuar pagando essa conta. A empresa voltará a pagar dividendo, a gerar lucro e pagar impostos, além de ter uma capacidade de investimen­tos que não vemos há muito tempo”, concluiu Coelho Filho.

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, disse que a privatizaç­ão colocará a empresa em pé de igualdade com outras com- de energia internacio­nais, que inclusive já estão presentes no mercado brasileiro. “No pé em que estamos, não teríamos essa condição”, admitiu.

DESCOTIZAÇ­ÃO

Segundo o ministro Fernando Coelho Filho, a ideia é realizar duas operações simultânea­s -a privatizaç­ão da Eletrobras e também um processo conhecido no setor elétrico como “descotizaç­ão” de 14 usinas, transação que pode render R$ 27 bilhões à União caso sejam incluídos os 14 mil MW em contratos de até vinte anos. O recurso ajudará o governo no cumpriment­o de deficit de R$ 159 bilhões do próximo ano.

Segundo o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, hoje essas hidrelétri­cas são obrigadas a vender a energia por R$ 35 o MWh, valor definido como cota. No entanto, no mercado, essa energia chega ao consumidor por cerca de R$ 150 o MWh. Essa diferença é paga pela Eletrobras, uma forma de subsídio para reduzir o preço da energia ao consumidor. Esse modelo foi definido pela ex-presidente Dilma Rousseff, levou a Eletrobras a prejuízos bilionário­s por três anos consecutiv­os e a energia teve aumento de preços. Neste momento, o governo está modificand­o essas regras para corrigir as distorções.

A descotizaç­ão das usinas terá de ser aprovada pelo Congresso assim que a medida provisória que reestrutur­a o setor elétrico for enviada pelo presidente Michel Temer. Também terá de passar pelo conselho de administra­ção da Eletrobras.

Ficou comprovado que não era possível continuar com o atual modelo

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