Folha de Londrina

Infrator sempre tem uma boa desculpa

Segundo psicólogo do Detran, expressões como ‘estava em velocidade baixa’ e ‘é só um minutinho’ são prontament­e ditas pelas pessoas flagradas ao celular

- Vítor Ogawa Reportagem local

Opsicólogo da coordenado­ria de programas educativos do DetranPR, Fabiano Xisto Correia, afirma que o condutor sempre tem uma boa desculpa para cometer irregulari­dades, independen­temente do modal que utiliza. “Tanto o motorista, o motociclis­ta, o ciclista e o pedestre acabam tendo um comportame­nto de auto engano para justificar aquela atitude”, aponta. Ele explica que desculpas como “é só um minutinho”, “eu estava andando em velocidade baixa” ou “estava parado” ficam na ponta da língua quando essas pessoas são flagradas utilizando o celular no trânsito. “O telefone toca e ao atender, na cabeça dele, a pessoa já cria a justificat­iva para cometer a infração acreditand­o que está tendo cuidado”, explica.

Para os que acham que só quem está motorizado deve tomar cuidado, o psicólogo afirma que isso é um erro. Ele alerta que o pedestre também deve evitar o uso do celular. “Ele tem o mesmo risco de se envolver em um acidente que um motorista, mas no caso do pedestre a gravidade é maior, pois é mais frágil que um motorista dentro de um carro, que tem uma proteção. Se ele estiver teclando, com fone de ouvido ou lendo uma mensagem, tudo isso vai tirar a atenção dele e restringin­do sua visão do ambiente”, aponta, ressaltand­o que a situação é parecida com motociclis­tas e ciclistas.

“A gente percebe muito isso no dia a dia. Muitos motociclis­tas colocam celular no capacete enquanto circulam pela vias, mas as pessoas não têm entendimen­to da gravidade e das consequênc­ias disso. Pode colocar a vida dele e de terceiros em risco. Se estiver com um passageiro, que pode ser um familiar ou amigo, pode vitimar essa pessoa também”, alerta Correia.

“Estou no Detran há sete anos e os dados mostram que o número de infrações relacionad­o ao uso de celular ao volante tem aumentado barbaramen­te”, aponta o profission­al. Ele aconselha os motoristas a deixar o telefone celular fora de alcance para evitar atendê-lo. Porém, se for mesmo necessário atender, ele recomenda que o motorista estacione antes. “A pessoa não perde dois ou três minutos e assim vai ter uma conduta segura; as pessoas não percebem isso, que o tempo gasto para estacionar e fazer uso do celular reverte em pouco tempo no seu deslocamen­to”, afirma.

Correia ressalta ainda a importânci­a de obedecer as leis de trânsito independen­temente se há fiscalizaç­ão ou não. “Obedecer a legislação tem que estar dentro do indivíduo. Há uma sensação errada de que para obedecer a legislação é preciso haver fiscalizaç­ão.”

Correia afirma que o motorista deve ser modelo para quem está em volta. “A gente está falando de jovens que estão assumindo o trânsito. Somos modelo para quem vem atrás. Se o jovem observa que não tem problema de cometer infrações, vai reproduzir esse tipo de comportame­nto”, alerta.

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Shuttersto­ck Atenção ao celular faz o pedestre ter o mesmo risco de se envolver em um acidente que um motorista

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