Folha de Londrina

Com 100 mil habitantes, Cambé desafia gestores

Projeção do Ipardes mostra que população idosa nos municípios com mais de 100 mil moradores deve saltar de 8% para 18%

- Simoni Saris Reportagem Local

Cambé

- O aposentado Caetano Rufo, 75, chegou em Cambé ainda criança e quando olha para trás e compara o município na década de 1950 com os dias de hoje, fica impression­ado com o desenvolvi­mento. “Quando cheguei aqui era tudo café, chácara e mato. Onde hoje fica o (conjunto) Ana Rosa, eram 65 alqueires de fazenda de café. As ruas eram de terra, quase ninguém andava de carro. O cresciment­o foi bom para a cidade”, garante ele.

A dona de casa Neide Caetano de Oliveira também só vê benefícios na expansão do município. “Quando me mudei para o bairro onde moro, tinha três casas, era muito mato. Agora tem escola, mercado, posto de saúde. Cresceu muito e ainda vai crescer mais porque tem muita gente construind­o. Acho bom porque apesar dos problemas que tem, como o desemprego, é uma cidade muito boa para se viver.”

Uma volta rápida pelo centro de Cambé (Região Metropolit­ana de Londrina) e breves conversas com a população deixam claro o orgulho dos habitantes de viver em um município com mais de 100 mil habitantes. A cidade que vem se expandindo rapidament­e atingiu a marca populacion­al em 2013 e para os moradores, trouxe enormes benefícios, como escolas, comércio e postos de saúde. Mas a diversific­ação não se limita aos serviços e se estende também aos problemas.

Em outubro, o município completa 70 anos de emancipaçã­o política e um grande desafio é promover o cresciment­o ordenado para que a cidade chegue aos 100 anos com infraestru­tura adequada para atender a população em todas as áreas.

SAÚDE

Com a queda na taxa de natalidade já constatada no município, o aumento populacion­al vem acompanhad­o do envelhecim­ento dos habitantes. E uma população mais velha traz novos desafios para os gestores. A Secretaria Municipal de Saúde já observou um aumento no número de atendiment­o a idosos nos últimos cinco anos. Hoje, mais de 10% da população do município são pessoas acima dos 60 anos de idade, o que correspond­e a 12.236 pessoas, segundo dados oficiais. “Estamos capacitand­o novos profission­ais para atendiment­o nas unidades básicas de saúde”, disse a secretária de Saúde, Adriane Bertan Lombardi. “Estamos trabalhand­o melhor na prevenção e procuramos estar com o olhar voltado para o idoso.”

Além das consultas nas UBS, a maior quantidade de idosos fez crescer também o número de exames e encaminham­entos para as especialid­ades. “Estamos reestrutur­ando as equipes do Saúde da Família e a gente pretende ampliar o programa.” Lombardi afirma não ter ideia dos investimen­tos necessário­s para dar conta desse novo público, mas disse que algumas ações já estão contemplad­as no Plano Municipal de Saúde para o período de 2018 a 2021.

No último Censo Demográfic­o realizado pelo IBGE, em 2010, Cambé tinha 96.733 habitantes. Em 2016, a estimativa do instituto era de 104.592. Recentemen­te, o Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvi­mento Econômico e Social) lançou as projeções populacion­ais para o Paraná e, conforme o estudo, de 2017 a 2040, a população jovem dos municípios paranaense­s com mais de 100 mil habitantes deve baixar de 22% para menos de 16% enquanto a população idosa desses mesmos municípios deverá saltar de 8,2% para cerca de 18%.

MOBILIDADE

Em relação à mobilidade, no momento, além do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Cambé, a cidade revê o Plano Diretor. Há um ano, a prefeitura contratou o Itedes (Instituto de Tecnologia e Desenvolvi­mento Econômico e Social) para elaborar o plano de mobilidade, conforme determina a lei federal 12.587 de 2012, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana. O grupo de técnicos avaliou a forma como as pessoas se locomovem dentro da cidade, o meio de transporte utilizado e apontou soluções para os principais problemas detectados. Além de intervençõ­es em vias, com a criação de passagens em desnível em regiões próximas à linha férrea, o plano prevê ações para priorizar ciclistas e pedestres, com a ampliação de ciclovias, de calçadas e do calçadão, no centro da cidade.

O plano também contempla a terceira idade, prevendo intervençõ­es viárias pensadas para reduzir o risco de atropelame­ntos e mudanças para garantir a acessibili­dade de pessoas com mobilidade reduzida. Promover a melhoria do transporte público também está entre as prioridade­s do plano já em fase de conclusão e que deve ser entregue em breve à Secretaria Municipal de Planejamen­to. “(Após a implantaçã­o) o plano deve passar por uma revisão em cinco anos, depois em dez e depois em 20 anos. Há ações de curto, médio e longo prazo”, explicou o arquiteto e urbanista João Baptista Bortolotti, um dos responsáve­is pela elaboração do plano de mobilidade. “O problema do cresciment­o populacion­al não é bem o planejamen­to. Onde tem muita gente em um mesmo lugar dificulta a convivênci­a em sociedade. E em uma sociedade muito individual­ista, temos esse problema”, avalia.

“Ao longo de todo esse cresciment­o da cidade sempre existiu uma legislação que procurou organizar tudo isso e respeitar e seguir o que preconizam as leis”, destacou o secretário municipal de Planejamen­to, Mario Vander Martins Roberto. “O Plano Diretor e o próprio Plano de Mobilidade têm suas propostas para os problemas e conflitos já instalados e a solução vai requerer medidas de curto, médio e longo prazo onde as questões orçamentár­ias vão ter que fazer frente a esses investimen­tos.”

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GinA MArdones A cidade vem se expandindo rapidament­e e trouxe uma diversific­ação tanto de serviços quanto de problemas
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