Folha de Londrina

Colombiano­s chegam correndo ao FILO

‘Maratona de Nova Iorque’, que estreia hoje no festival,explora o movimento do corpo tendo como linguagem o teatro físico

- Marian Trigueiros Reportagem Local

Movimentos corporais e gestuais durante um espetáculo são parte integrante quase sempre presentes em uma atuação. Mais ou menos intensos, compõem a cena junto com o texto de acordo com a mensagem que diretor e ator querem passar. No teatro físico, arte explorada pelo grupo colombiano criado em 2012, El Hormiguero Teatro, a ideia, o pensamento e o desejo são transforma­dos para além da capacidade da voz e da interpreta­ção. “Não falamos de atuar, mas agir. Por isso, priorizamo­s o corpo como centro de atuação do ator. O esforço físico desencadei­a outras questões – nos atores e na plateia – que vão muito além do texto”, explica o diretor Gianluca Barbadori, que estreia no Brasil, na programaçã­o do FILO, o espetáculo “Maratona de Nova Iorque”, nesta quarta-feira (23) e quinta-feira (24), às 21h, no Palco Petrobras.

Diante disso, as formas estéticas tradiciona­is, segundo ele, rompem-se de maneira que não há uma preocupaçã­o latente com o que visual, apenasnoqu­esevê,“masnoque se sente”. “Existe, claro, um trabalho visual muito expres- sivo, mas, antes, existe uma liberdade do corpo. A partir dessa concepção, os atores começam a construir sua capacidade de escutar para agir e reagir e, então, explorar diferentes expressões artísticas. Nessa arte, portanto, o ator é colocado como objeto central, uma vez que há o entendimen­to de que o teatro se estabelece entre o próprio ator e plateia”, relata o diretor que, para seus projetos, conta com a parceria de artistas multimídia, audiovisua­is e cenográfic­os com experiênci­as distintas no campo de encenação.

Neste espetáculo, Barbadori diz que os atores Andrés Caballero e Fernando Bocanegra são obrigados a trabalhare­m numa situação limite do corpo, de fadiga extrema, tanto que os ensaios não acontecem mais que uma vez. Na história, dois amigos de longa data vão participar da Maratona de Nova Iorque e começam a treinar para a competição. Numa dessas noites de treino, entre o cansaço e a persistênc­ia, vão surgindo lembranças sobre a vida e morte, brincadeir­as e discussões que desencadei­am em reflexões mais profundas. Em cena, atores correm o tempo todo (sem sair do lugar), durante quase 50 minutos, remetendo à ideia do treino para a maratona. O movimento repetitivo exige dos atores uma concentraç­ão ainda maior, haja vista que não existem cenas ou gestos específico­s para cada fala. “Neste aspecto que se insere o estado de escuta entre os atores para a ação”.

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JuAn CAmilo AriAs/DivulgAção Andrés Caballero e Fernando Bocanegra em cena: atores trabalham no limite dos corpos
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MArcos ZAnutto

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