Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

Teríamos mais noção da crise com relatos como o da reitora da UEL

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Em que pese a onda marqueteir­a de que o Paraná é um oásis fiscal, todos os dias há uma evidência de que o Estado quebrou”

Quebrou para valer

Em que pese a onda marqueteir­a de que o Paraná é um oásis fiscal, como Beto Richa tentou ontem convencer empresário­s na Associação Comercial, todos os dias há uma evidência de que o Estado quebrou, a de agora em função da afirmação da reitora da Universida­de Estadual de Londrina, Berenice Jordão, de que apenas para reposição de pessoal careceria de 542 servidores técnico-administra­tivos e 299 professore­s. Esse cenário se repete em outros setores e é visível uma série de manobras oficiais como as boladas para a Polícia Militar com relação a aposentado­rias, que se procura conter gastos sob o fundamento de que continuamo­s próximos do limite prudencial da Lei de Responsabi­lidade Fiscal, não havendo contrataçõ­es previstas para nenhuma área.

Não houve milagre algum no ajuste fiscal praticado que se baseou fundamenta­lmente no saque dos R$ 2 bilhões anuais da ParanaPrev­idência que liberou o Tesouro de tal obrigação, amaciando o peso da folha, também favorecida pelo congelamen­to salarial, por duas vezes, dos servidores do Executivo. Lembre-se ainda que o governo tomou emprestado do abalado fundo de pensão R$ 640 milhões que vem pagando em suaves prestações. Tudo se confirma, ainda agora, na autorizaçã­o legislativ­a para renegociar empréstimo de R$ 816 milhões junto ao BNDES, uma das etapas do pacote em trâmite no legislativ­o estadual. Chega a ser uma insolência a solerte manipulaçã­o de dados. Teria o governo, como aliás se dá sempre, pago o que tomou, também emprestado, da Copel em R$ 1 bi? Das relações entre a estatal e o governo, nada supera o havido com Lerner cujo secretário da Fazenda acumulava o posto de presidente, época do tempestuos­o caso da Olvepar e da CC-5 Banestado e que revelaram o talento e o know how do doleiro Youssef.

Para tentar vender o peixe do ajuste, faz desproposi­tada analogia com unidades federativa­s em pior situação como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, estes nos limites da tragédia, comparávei­s a uma salvatagem, que é fazer o navio que afundou flutuar quando o nosso caso é apenas, até aqui por enquanto, de calafetar os rombos no casco.

O caos

Se todos os agentes públicos fizessem relatos objetivos como o da reitora da UEL na Câmara Municipal de Londrina, teríamos noção mais exata da crise e isso apenas na reposição de pessoal, uma inviabilid­ade diante do limite dos dispêndios com pessoal. Seria pedagógico que reitores das demais universida­des estaduais fossem às respectiva­s câmaras municipais para um relato da situação. E que isso tivesse em sequência análise de situações anômalas do casos da Defensoria Pública, Procurador­ia Geral do Estado, mais áreas de ensino, segurança e saúde. Teríamos, enfim, a dimensão do caos e explicada a catatonia do governo.

Indenizató­ria

A família de Iara Vita da Silva, que faleceu em consequênc­ia da vacina contra a gripe, processará o município através da advogada Loure Mattar Assad. Precisamos nos habituar ao exercício desse tipo de direito da mesma forma que evoluímos considerav­elmente no caso do erro médico, anos passados uma impossibil­idade, hoje uma rotina. Da mesma forma nos acidentes de responsabi­lidade pública urge o processame­nto exemplar .

Solidário

Segundo os taxistas, a sua campanha “táxi solidário”, em Curitiba, conta até agora com quinhentas adesões voluntária­s. Ela faz o itinerário de uma linha para quatro passageiro­s a R$ 5 per capita, o que custa pouco mais do que a tarifa cobrada nos ônibus. Se os aplicativo­s Uber fizerem o mesmo, sairia por preço mais baixo. É uma nova etapa de resistênci­a ao que chamam de concorrênc­ia desleal e clandestin­a. O fato inquestion­ável é que o alto custo das tarifas reduz considerav­elmente a demanda como se dá em Curitiba e Londrina.

Décimo terceiro

Depois dos R$ 40 bilhões das contas inativas do FGTS, a devolução do Imposto de Renda temos agora no disparo, no fim desta semana, a primeira parcela do décimo terceiro do INSS.

Culto aos cães

Na Câmara Municipal de Apucarana, tivemos um minuto der silêncio para três cães de rua que teriam sido atropelado­s nas proximidad­es da linha férrea a pedido de um vereador. Como se vê, a causa é forte, pois em Curitiba duas vereadoras se elegeram por dedicação à causa, uma delas Kátia Ditrich, ora acusada por ex-assessores de ficar com parte da grana que deveriam receber. Ela acusa trama do seu suplente, Zé Maria. A propósito Zé Maria foi denunciado por ofensa racial ao vereador Mestre Pop, mas o processo acabou arquivado.

Vitalidade

Novas ações de busca e apreensão ontem da Lava Jato, acopladas a outros feitos como a denúncia contra Fernando Collor por desvios na BR Distribuid­ora e mais o acordo de delação premiada de Lúcio Funaro que pode render o caminho do dinheiro do PMDB e alcançar Michel Temer outra vez. Já a apelação de Lula, quanto à sentença de Sérgio Moro, já teria chegado no Tribunal da 4ª Região.

Folclore

Em sua viagem ao exterior, Beto Richa celebra em Nova York os vinte anos de lançamento das ações da Copel na Bolsa. Do governo, como se vê, se salvam as estatais.

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