23% das cidades do Brasil estão em situação de emergência
Base de dados do Ministério da Integração Nacional mostra que 1.296 municípios pediram neste ano socorro ao governo federal para lidar com problemas que vão da falta de chuvas ao excesso delas. No Paraná, 16 cidades, onde 40,7 mil pessoas foram afetadas,
Em meio a uma das secas mais severas já registradas no Nordeste e com chuvas que deixam um rastro de destruição no outro extremo do País, a região Sul, quase um quarto dos municípios brasileiros está em situação emergencial, segundo a base de dados divulgados pelo Ministério da Integração Nacional. São 1.296 cidades, que pediram socorro ao governo federal para lidar com problemas que vão da falta de chuvas ao excesso delas.
A maior parte dos reconhecimentos vigentes é por seca ou estiagem (71%), concentrados na região Nordeste e no norte de Minas Gerais. Já tempestades, inundações, alagamentos, enxurradas e deslizamentos, principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Norte, são 29% das situações emergenciais identificadas pelo governo federal.
É o caso do Paraná. No Estado, 16 municípios decretaram situação de emergência neste ano por enxurradas e vendaval. De acordo com o Defesa Civil Estadual, 40,7 mil pessoas foram afetadas de alguma forma e 448 delas ficaram desalojadas. Os prejuízos ultrapassam os R$ 40 milhões.
Pitanga (Centro) foi atingida por uma forte tempestade com ventos na madrugada de 5 de junho. Cerca de 12 mil pessoas foram afetadas. A mesma tempestade atingiu outros municípios da região como Rio Bonito do Iguaçu (3.124 afetados) Santa Maria do Oeste, Marquinho, Palmital, Laranjal e Roncador (que tiveram de mil a 2 mil pessoas afetadas cada).
De acordo com Fernando Mendes, meteorologista do Simepar (Sistema Meteorológi- co do Paraná), a média de chuva prevista para junho em Palmital é de 157 mm. Em junho deste ano choveu 210 mm, sendo que o dia 6 registrou 100 mm, e no dia 5, choveu 60 mm. “Em dois dias, a precipitação superou a média histórica”, detalha.
Segundo ele, o Paraná também vem sofrendo, em menor escala, com estiagens. “Não tem chovido muito no Estado. O problema são as tempestades sazonais, trazidas pelas frentes frias. Isso acaba por causar estragos”, analisa. “Quando se olha o acumulado do mês, há a falsa impressão que choveu bastante, mas foram chuvas desequilibradas, muito prejudiciais para a agricultura, por exemplo”, completa.
Jaguariaíva (Campos Gerais) também sofreu impactos da tempestade de 6 de junho. O coordenador da Defesa Civil Municipal, Oli Labres de Oliveira, garante que a maioria dos estragos foi consertada com recursos próprios, porém o município ainda aguarda recursos da União para a construção de uma passarela e uma ponte levadas pelas águas. O prejuízo foi de R$ 5 milhões. “É um processo burocrático, demorado. As estradas rurais e algumas pontes já foram consertadas. Agora, estamos na espera para concluirmos essas duas obras importantes”, conta.
Entre fevereiro e maio, quatro cidades do Noroeste foram afetadas pelas chuvas: Loanda, Querência do Norte, Altônia e Cafezal do Sul. Rosário do Ivaí (Norte), Conselheiro Mairinck (Norte Pioneiro), Rio Azul (Centro-Sul) e Cerro Azul (Região Metropolitana de Curitiba) completam a lista de municípios em situação de emergência no Estado.
A tenente da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil do Paraná, Cassandra Coninck Costa, expõe que apesar dos 16 registros de emergências, 2017 não tem sido um ano atípico. “Até o momento tivemos situações que demandaram atenção, mas nada que fugisse ao controle. Em 2014, 200 municípios já haviam solicitado ajuda federal neste mesmo período”, compara.
SUL
As chuvas também castigam Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Em Rio do Sul (SC), mais de 500 pessoas ficaram desabrigadas após cheia do rio Itajaí-Açu. O Corpo de Bombeiros utilizou até um helicóptero para resgatar pessoas ilhadas em meio a enchente. No Rio Grande do Sul, 79 municípios decretaram situação de emergência no primeiro semestre deste ano.
O subchefe da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, Jarbas Ávila, diz que há 35 anos os gaúchos não viam chuvas tão fortes, citando eventos entre maio e junho. “A solução seria tirar o rio ou tirar a cidade. Como nada disso é possível, só nos resta nos preparar para essas situações”, afirma.
Segundo Ávila, o reconhecimento da situação de emergência é essencial para reconstruir os danos causados pelos eventos climáticos. “Se cai uma ponte e deixa um bairro sem acesso a um hospital, o prefeito não pode abrir uma licitação e esperar 180 dias para começar a reconstruir”, diz.
VERBAS
O governo federal analisa caso a caso e pode liberar verbas para os municípios afetados, além de permitir que os moradores atingidos saquem o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e o Bolsa Família. As prefeituras podem ainda ser dispensadas de fazer licitações para comprar produtos ou contratar serviços.
No total, o Ministério da Integração Nacional diz ter repassado, neste ano, R$ 200 milhões às cidades em situação de emergência, com ações de socorro, assistência, restabelecimento de serviços, kits de assistência humanitária e recuperação de estruturas danificadas.(Com Folhapress)