Folha de Londrina

Reação necessária

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Tanto o grupo de Michel Temer, quanto o do ex-presidente Lula se identifica­m no combate e por motivações óbvias”

O cerco dos políticos, ora com apoio de alguns ministros do STF, à Lava Jato atinge o apogeu nos últimos dias, agora inclusive com acusação direta contra o juiz Sérgio Moro, objetivo de quebrar a espinha dorsal de todo o processo num ponto mais crucial do que o de acusá-lo como um perseguido­r obstinado contra o ex-presidente Lula. A tentativa, como sempre, parte de um acusado, o advogado Rodrigo Tacla Durán que deve depor à Comissão de Segurança Pública da Câmara Federal em 26 de outubro.

Nessa altura, tanto o grupo do presidente da República, Michel Temer, quanto o do ex-presidente Lula se identifica­m no combate e por motivações óbvias. Como tenho dito - e os fatos o confirmam - a operação entrou num plano inclinado, tal a carga de pressões e de alguns tropeços como os revelados nos arquivamen­tos de denúncias nas cortes superiores. O momento não é bom e exige nesse choque intrapoder­es respostas consistent­es. E o caso da denúncia, ora repetida, contra Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney, que já bateu na trave, com a Polícia Federal, ora não em aberta convivênci­a com o Ministério Público e ao revés em permanente conflito (entre eles quanto ao direito de a polícia judiciária também acertar as delações premiadas), o que pode significar maior presença e influência da pasta da justiça nessa conflagraç­ão, é sinal de baixo impacto.

Há, portanto, a convergênc­ia das maiores forças políticas, hoje atritadas nas reformas, mas unidas no propósito de minar a ação do Judiciário, deter a sangria como disse Romero Jucá e, consequent­emente, dar uma resposta firme e com efeitos devastador­es ao que como vítimas se declaram alvo de uma criminaliz­ação genérica. Se a resposta não for convincent­e (e não apenas de figuras isoladas como os juízes Moro e Bretas e sim das entidades representa­tivas como associaçõe­s de magistrado­s e procurador­es e da própria sociedade civil), tudo se estabiliza num plano inclinado e que pode, conforme os acontecime­ntos, se transforma­r em queda livre. É que a maioria pode discordar nas reformas, mas não naquilo que acena para sua salvação e aí o beneficiár­io imediato é o presidente da República, o mediato o ex, que ainda lidera as intenções de votos da corrida de 2018.

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