Folha de Londrina

STF abre novo inquérito contra Renan Calheiros

Senador do PMDB-AL é alvo do 17º inquérito; agora é investigad­o por suspeitas de irregulari­dades no fundo de pensão dos servidores dos Correios

- Reynaldo Turollo Jr. Folhapress

Brasília - O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou neste mês a abertura de mais um inquérito sobre o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), desta vez por suspeitas de irregulari­dades no Postalis, o fundo de pensão dos servidores dos Correios.

Com esse, Renan é alvo de 17 inquéritos no Supremo 13 deles no âmbito da Operação Lava Jato -, além de ser réu em uma ação penal após a corte receber denúncia sob acusação de peculato em dezembro do ano passado.

Os indícios de irregulari­dades no Postalis surgiram durante as investigaç­ões da Lava Jato e foram enviados em maio ao ministro Edson Fachin, relator dos casos relacionad­os à operação no STF. Fachin entendeu que as suspeitas não tinham conexão com os esquemas apurados na Lava Jato e determinou sua redistribu­ição.

No início deste mês, o caso foi sorteado para Barroso, que autorizou a instauraçã­o do inquérito no último dia 9. Na quarta-feira (23), Barroso retirou o sigilo e determinou que a Polícia Federal faça diligência­s.

Conforme o pedido de abertura do inquérito feito pela PGR (Procurador­ia-Geral da República), o foco da investigaç­ão são operações milionária­s realizadas pelo Postalis com a compra de papéis de empresas de fachada que seriam geridas por Milton Lyra e Arthur Machado -o primeiro, um lobista ligado ao PMDB e a Renan, segundo as apurações.

Algumas dessas operações consistiam na criação de empresas com o objetivo de emitir debêntures que seriam integralme­nte adquiridas pelo Postalis. Os investigad­os Lyra e Machado teriam captado R$ 570 milhões do fundo em investimen­tos que, segundo a PGR, “nunca saíram do papel”.

Entre os indícios que constam do despacho de Barroso, há menção a um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeira­s) que aponta movimentaç­ão atípica nas supostas empresas de fachada dos operadores Lyra e Machado, trechos da delação do ex-senador Delcídio do Amaral sobre a influência de Lyra no Postalis e partes da delação do doleiro Alberto Youssef sobre a relação de Renan com o fundo previdenci­ário.

“No presente caso, um primeiro exame dos autos revela elementos de participaç­ão direta do Parlamenta­r [Renan] nos fatos narrados. Não se está diante de notícia sem qualquer apoio indiciário ou de notícia fundada somente em denúncia anônima, devendo-se dar prevalênci­a, diante disso, ao interesse da sociedade em ver esclarecid­os os fatos”, escreveu Barroso.

OURO LADO

O senador Renan Calheiros disse, por meio de nota de sua assessoria, que essa é “mais uma acusação sem provas”. “Essa é uma história requentada e mais uma acusação do procurador sem provas. O ministro Teori [Zavascki, antigo relator da Lava Jato no STF] devolveu uma denúncia contra mim consideran­do-a inepta e outra já foi arquivada. Essa também será porque nunca tive lobista ou operador. Nunca autorizei que falassem em meu nome em nenhum lugar, muito menos na Postalis”, afirmou Renan.

A reportagem não conseguiu localizar Milton Lyra e Arthur Machado.

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