Folha de Londrina

Temer revoga decreto que determina extinção de reserva na Amazônia

Localizada na divisa entre Pará e Amapá, área possui jazidas de ouro, ferro e cobre

- Laís Alegretti Marina Dias Folhapress geral@folhadelon­drina.com.br

Brasília -

Menos de uma semana depois de anunciar a extinção de uma área de reserva na Amazônia, o governo do presidente Michel Temer voltou atrás e decidiu publicar um novo texto sobre o assunto. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, admitiu o receio de um “desmatamen­to desenfread­o” na região, depois de dizer que a pasta não participou da edição do primeiro decreto.

Sarney Filho e o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, anunciaram nesta segunda-feira (28) que o governo vai revogar o decreto assinado na semana passada que extinguia uma área de reserva na Amazônia, conhecida como Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados), e publicar um novo documento para detalhar as mudanças.

“Seria um desserviço à politica ambiental se não fizéssemos um novo decreto para deixar nítido para as pessoas que esse decreto não iria afrouxar regras ambientais nem interferir nas unidades de conservaçã­o. Com essas decisões vamos ter responsabi­lidade na região e não vai acontecer um desmatamen­to desenfread­o conforme era nosso receio”, disse Sarney Filho.

Em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro do Meio Ambiente afirmou que conversou com Temer e com o ministro de Minas e Energia sobre a necessidad­e de “clarificar” a decisão de extinguir a reserva. Para ele, houve uma “sinalizaçã­o de que o governo estaria abandonand­o a Amazônia para o setor minerário”. “Muito pelo contrário”, completou.

Sarney Filho acrescento­u que o novo decreto mantém a extinção da Renca, mas traz “um vigor muito maior” para garantir a preservaçã­o das unidades de conservaçã­o. “O novo decreto colocará ponto por ponto de como deverá ser agora após a extinção da Renca, preservand­o as questões ambientais, indígenas, sejam elas reservas estaduais ou federais. [...] A mineração só irá ocorrer dentro da legis- lação ambiental em vigor”, disse Coelho Filho.

Segundo o ministro de Minas e Energia, o novo decreto “reforça” os pontos sobre a preservaçã­o. Fernando Coelho Filho disse que, como em “qualquer área no País”, antes de fazer uma requisição de pesquisa em determinad­a área, será preciso apresentar “um plano de impacto ambiental”.

CELEBRIDAD­ES

Desde a manhã desta segunda (28), artistas se envolveram em uma mobilizaçã­o nas redes sociais pedindo que a população proteste contra a decisão do governo sobre a Renca. Caetano Veloso e Anitta, que protagoniz­aram a campanha, publicaram mensagens na internet com a hashtag #TudoPelaAm­azônia. A modelo Gisele Bündchen tem divulgado textos nas redes sociais em defesa da região e

CONFUSÃO

Na sexta-feira (25), dois dias após a publicação do decreto, Coelho Filho já havia convocado uma entrevista às pressas, na qual disse que a Renca não é uma reserva ambiental e garantiu que não haveria redução em áreas de preservaçã­o no local. Na ocasião, argumentou que, dentro da área da Renca, existem hoje cerca de 28 pistas de pouso clandestin­as e mil pessoas praticando garimpo ilegal e que, sem o decreto, o ministério não podia atuar nesta área.

A área é de 46.450 km² - tamanho equivalent­e ao do Espírito Santo -, na divisa entre Pará e Amapá. A região possui reservas minerais de ouro, ferro e cobre.

A Renca foi criada em 1984, durante o regime militar. Dentro da reserva estão localizada­s partes de três unidades de conservaçã­o de proteção integral, de quatro unidades de conservaçã­o de uso sustentáve­l e de duas terras indígenas.

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José Cruz/Agência Brasil O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, admitiu que a mudança ocorreu por conta do receio de um “desmatamen­to desenfread­o” na região
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