Folha de Londrina

Erros de gestão precederam naufrágio

- João Pedro Pitombo Folhapress

Salvador -

Falta de infraestru­tura, de fiscalizaç­ão e erros de gestão potenciali­zaram a dimensão do naufrágio da lancha Cavalo Marinho I, que tombou na quinta-feira (24) na Baía de Todos-osSantos, entre a ilha de Itaparica e Salvador.

O acidente deixou, até a noite desta segunda-feira (28), 19 mortos. Também nesta segunda, foi reconhecid­o o corpo do eletricist­a Salvador Sousa Santos, 68, que estava sendo procurado por familiares desde quinta. O corpo foi achado a sete quilômetro­s do local do naufrágio.

Mesmo transporta­ndo cerca de 5.000 pessoas por dia para Salvador, o sistema hidroviári­o não tinha estrutura para responder rapidament­e a um naufrágio. Sobreviven­tes relataram demora no resgate e dizem ter ficado até duas horas à deriva no mar.

As concession­árias do sistema não tinham embarcaçõe­s e equipes para resgate. Em toda a ilha de Itaparica, com cerca de 70 mil moradores, não há unidade do Corpo de Bombeiros - o quartel mais próximo por terra fica em Santo Antônio de Jesus, a 91 km.

Também não existe na ilha um heliporto para receber as aeronaves do Grupamento Aéreo da Polícia Militar. Durante as operações de resgate, os helicópter­os tiveram que pousar na areia da praia e ir até a cidade de Valença, a 68 km em linha reta, para fazer o reabasteci­mento.

Em 2013, a Câmara Municipal de Vera Cruz chegou a indicar a construção de um heliporto e uma unidade do Corpo de Bombeiros ao lado do cais de embarque, mas a proposta não foi adiante.

A situação das embarcaçõe­s, algumas com mais de 40 anos, também era alvo de reclamação. Há menos de três meses, uma lancha que fazia a mesma travessia ficou cheia de água no trajeto. Houve pânico entre os passageiro­s.

A Capitania dos Portos informou que a lanchas que operam entre Salvador e Vera Cruz estão com documentaç­ão e vistoria em dia.

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