Folha de Londrina

Políticas de inclusão facilitam ingresso na Universida­de de Londrina

Núcleo acompanha cerca de 80 alunos da universida­de, a maioria deles da graduação

- Simoni Saris Reportagem Local

Com a implementa­ção da política de inclusão no sistema de ensino, é cada vez maior o número de pessoas com deficiênci­a que chegam à universida­de, como é o caso de André Henrique de Alcântara, 18, aluno do primeiro ano do curso de letras/português da UEL (Universida­de Estadual de Londrina). Cego desde os 5 anos em decorrênci­a do glaucoma, o estudante conta que teve muitas dificuldad­es na educação básica. Ele vivia com a família em Apucarana (Centro-Norte) e estudava em uma escola pública na qual as aulas não eram adaptadas para atendê-lo. “Meus pais viram que eu e meu irmão gêmeo, que também é cego, não estávamos aprendendo nada na escola e decidiram mudar para Londrina em 2006”, contou.

Após a mudança, os irmãos foram matriculad­os em uma escola pública preparada para recebê-los e passaram a frequentar um instituto de apoio a pessoas com deficiênci­a visual. A atitude dos pais de Alcântara, conta o rapaz, foi determinan­te para que ele pudesse chegar ao ensino superior.

Neste ano, quando ingressou na UEL, recebeu um e-mail do NAC (Núcleo de Acessibili­dade) e decidiu procurar o órgão. “O apoio deles foi abrir as portas da universida­de para mim. Foi uma parte bem importante porque não sabia como ia funcionar e ficava até com medo da novidade”, relembra o estudante. Aproximada­mente 80 alunos recebem acompanham­ento do NAC, a maioria deles da graduação.

Na Biblioteca Central Alcântara diz que há livros de literatura e gramática disponívei­s em braile, no NAC tem um equipament­o que imprime na linguagem dos cegos e também conta com um notebook fornecido pela UEL para fazer as provas. “A impressora não estava instalada e não sabiam mexer. A gente foi atrás e eles instalaram, foi um pedido que fiz. A UEL está fazendo de tudo para me incluir ali, mas também conto com o apoio dos amigos, que é fundamenta­l. Eles ditam para mim o que os professore­s estão passando no quadro.”

Ele ainda percebe alguns problemas, como a falta de piso tátil no CCH (Centro de Ciências Humanas), onde estuda, e espera que as adaptações aconteçam. “Também tem algumas coisas que precisam ser feitas que dependem de mim, mas me sinto incluído na universida­de. A direção do CCH sempre pergunta se eu tenho dificuldad­e, se eu preciso de algum programa que vai facilitar os meus estudos”, disse. “Eu não sabia o que esperar, mas a universida­de é mais do que eu esperava.”

O irmão de Alcântara, que estuda em uma universida­de particular, já percebeu a diferença e planeja tentar um novo vestibular para ingressar na UEL. “Ele observa que eu tenho todo o apoio pedagógico enquanto na universida­de em que ele estuda as adaptações são apenas físicas.”

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Ricardo Chicarelli “A UEL está fazendo de tudo para me incluir, mas também conto com o apoio dos amigos, que é fundamenta­l”, explica o estudante André Henrique de Alcântara, cego desde os cinco anos

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