Folha de Londrina

Vencedor de Gramado estreia na quinta

Festival de cinema deixa saldo positivo e agora já está próximo de seu cinquenten­ário

- Carlos Eduardo Lourenço Jorge Especial para Folha 2

Agora resta esperar a recepção do público a partir desta quinta-feira (31), quando o filme entra em lançamento nacional – em Londrina, a distribuid­ora Imovision não confirmou se o filme entra ou não depois de amanhã, mas se entrar não percam: “Como Nossos Pais” foi o grande vencedor de Gramado. Além de melhor filme da categoria longa-metragem brasileiro, levou outros cinco Kikitos. Foi um dos bons desta 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado, encerrado no fim de semana na Serra Gaúcha. Com ótimas interpreta­ções de Maria Ribeiro, Paulo Vilhena e Clarice Abujamra (melhor atriz, ator e atriz coadjuvant­e, respectiva­mente), dirigidos com muita segurança pela também roteirista Laís Bodanski (“Bicho de Sete Cabeças”), o filme é um drama familiar centrado especialme­nte numa mulher contemporâ­nea e estressada em busca de um novo viés para sua vida. Espera-se que a história acenda nas plateias o mesmo interesse e o mesmo debate provocados em Gramado.

Outro bom momento brasileiro foi proporcion­ado por “As Duas Irenes” (nas telas em setembro), que deu a Marco Ricca um merecidíss­imo prêmio de ator coadjuvant­e. Ele faz um chefe de famílias (famílias mesmo) no interior. Tem duas mulheres, duas casas e duas filhas adolescent­es com o mesmo nome, Irenes. Elas ficam se conhecendo e se aproximam. Este recorte de realidade é narrado com enorme sensibilid­ade e agudeza de olhar pelo estreante Fabio Meira.

Já o longa latino vencedor, “Sinfonia para Ana”, não deverá encontrar trânsito fácil no circuito brasileiro. Fala sobre a juventude estudantil na Argentina nos anos 1970, vivendo os primeiros tempos da repressão do regime dos generais que tantos mortos e desapareci­dos custaram à população. Melodrama político, o filme se perde entre a conscienti­zação de uma geração e a descoberta do primeiro amor (e do sexo) no calor da luta armada. Uma mistura não muito digerível que acabou superando na premiação o delicado e precioso “Pinamar”, outro argentino que levou somente os prêmios de melhor ator e direção, além de melhor filme segundo a crítica. Merecia mais. Entre os curtas brasileiro­s, quem ganhou foi o documentár­io “A Gis”, título que acirrou o debate em torno da transexual­idade . Belo e grave filme. Não é preciso enfatizar que, após 45 anos, o Festival de Cinema de Gramado encontra-se numa fase de maturidade e excelência. Mas pelo que se observa, não deve se acomodar e ficar por aí. Há projetos e intenções para torná-lo ainda mais sólido e resistente . O cinquenten­ário já está às portas. O zelo os cuidados são intensos. Quemviverv­erá.

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A equipe de ‘Como Nossos Pais” recebeu seis Kikitos em Gramado, o filme deve repetir junto às plateias o mesmo debate que acendeu no festival

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