Vencedor de Gramado estreia na quinta
Festival de cinema deixa saldo positivo e agora já está próximo de seu cinquentenário
Agora resta esperar a recepção do público a partir desta quinta-feira (31), quando o filme entra em lançamento nacional – em Londrina, a distribuidora Imovision não confirmou se o filme entra ou não depois de amanhã, mas se entrar não percam: “Como Nossos Pais” foi o grande vencedor de Gramado. Além de melhor filme da categoria longa-metragem brasileiro, levou outros cinco Kikitos. Foi um dos bons desta 45ª edição do Festival de Cinema de Gramado, encerrado no fim de semana na Serra Gaúcha. Com ótimas interpretações de Maria Ribeiro, Paulo Vilhena e Clarice Abujamra (melhor atriz, ator e atriz coadjuvante, respectivamente), dirigidos com muita segurança pela também roteirista Laís Bodanski (“Bicho de Sete Cabeças”), o filme é um drama familiar centrado especialmente numa mulher contemporânea e estressada em busca de um novo viés para sua vida. Espera-se que a história acenda nas plateias o mesmo interesse e o mesmo debate provocados em Gramado.
Outro bom momento brasileiro foi proporcionado por “As Duas Irenes” (nas telas em setembro), que deu a Marco Ricca um merecidíssimo prêmio de ator coadjuvante. Ele faz um chefe de famílias (famílias mesmo) no interior. Tem duas mulheres, duas casas e duas filhas adolescentes com o mesmo nome, Irenes. Elas ficam se conhecendo e se aproximam. Este recorte de realidade é narrado com enorme sensibilidade e agudeza de olhar pelo estreante Fabio Meira.
Já o longa latino vencedor, “Sinfonia para Ana”, não deverá encontrar trânsito fácil no circuito brasileiro. Fala sobre a juventude estudantil na Argentina nos anos 1970, vivendo os primeiros tempos da repressão do regime dos generais que tantos mortos e desaparecidos custaram à população. Melodrama político, o filme se perde entre a conscientização de uma geração e a descoberta do primeiro amor (e do sexo) no calor da luta armada. Uma mistura não muito digerível que acabou superando na premiação o delicado e precioso “Pinamar”, outro argentino que levou somente os prêmios de melhor ator e direção, além de melhor filme segundo a crítica. Merecia mais. Entre os curtas brasileiros, quem ganhou foi o documentário “A Gis”, título que acirrou o debate em torno da transexualidade . Belo e grave filme. Não é preciso enfatizar que, após 45 anos, o Festival de Cinema de Gramado encontra-se numa fase de maturidade e excelência. Mas pelo que se observa, não deve se acomodar e ficar por aí. Há projetos e intenções para torná-lo ainda mais sólido e resistente . O cinquentenário já está às portas. O zelo os cuidados são intensos. Quemviververá.