Folha de Londrina

O dinheiro já recuperado pela Lava Jato

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Oex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor Internacio­nal da companhia Nestor Cerveró foram condenados pelo TCU ( Tribunal de Contas da União) a ressarcire­m US$ 79 milhões, cerca de R$ 250 milhões, por dano ao erário na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Cada um foi multado, também, em R$ 10 milhões. Ainda cabe recurso contra a decisão, mas a condenação chama a atenção para o retorno de pelo menos parte do dinheiro desviado dos cofres públicos pelos esquemas de corrupção. O tribunal também solicitou que os dois tenham os bens arrestados para assegurar o ressarcime­nto e determinou que sejam inabilitad­os para o exercício de cargos em comissão e funções de confiança por oito anos. Mas, na prática, a quitação da dívida pode não acontecer pois o patrimônio já rastreado dos dois exexecutiv­os não chega ao valor cobrado. Essa punição é a primeira aplicada pelo tribunal devido a perdas na compra de Pasadena, considerad­o um dos piores negócios já feitos pela Petrobras. Para os ministros do TCU, Cerveró e Gabrielli foram responsáve­is por uma carta de intenções na qual a Petrobras aceitou, em 2007, pagar US$ 700 milhões por 50% da planta de refino. Na época, a empresa já era dona de 50% dos ativos. Para o tribunal, o compromiss­o firmado fez com que o valor final desembolsa­do na aquisição ao grupo belga Astra Oil fosse US$ 78,8 milhões mais caro. A condenação, nessa quarta-feira (30), acontece dois dias depois que uma “montanha” de dinheiro cenográfic­o, de quatro metros de altura, foi exposta no centro de Curitiba para chamar a atenção para a quantia de dinheiro já recuperada pela Lava Jato: R$ 4 bilhões. A pilha de notas de R$ 100 foi montada no local como parte das ações de divulgação do filme que conta a história da Lava Jato, “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”. A corrupção no Brasil tira bilhões dos cofres públicos, dinheiro que vai diretament­e para o bolso de criminosos. A prisão dos corruptos e a condenação deles na Justiça precisam acontecer em paralelo à devolução do dinheiro desviado. Diminuindo a sensação de impunidade, aumentam as chances do Brasil se livrar da corrupção sistêmica e institucio­nalizada, um mal que empobrece e envergonha o País.

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