Folha de Londrina

Projeto mais polêmico do ajuste fiscal deve sofrer alterações

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local

Após pressão de servidores, deputados da oposição e até governista­s, o mais polêmico dos 15 projetos integrante­s do pacote de ajuste fiscal do governador Beto Richa (PSDB) deve sofrer alterações. A matéria 370/2017, que institui a diária especial por atividade extrajorna­da para policial militar, bombeiro, educador social e agente penitenciá­rio, além de alterar o pagamento de gratificaç­ões ao funcionali­smo, recebeu 47 emendas, de diversos parlamenta­res.

Com isso, a mensagem, já aprovada em primeiro turno, por 29 votos a 14, volta à Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ), antes da análise em segunda discussão. A CCJ se reúne na segunda-feira (4), em caráter extraordin­ário. No mesmo dia, é provável que o texto seja levado a plenário. A parte mais controvers­a dele é a que deixa em aberto a possibilid­ade de suspender por três anos a realização de concursos para soldados das polícias e para agente penitenciá­rio.

Cristina Silvestri (PPS), Schiavinat­o (PP), Paulo Litro (PSDB), Mauro Moraes (PSDB), Tiago Amaral (PSB), Felipe Francischi­ni (SD), Delegado Recalcatti (PSD), Márcio Paulik (PDT) e Pedro Lupion (DEN), todos da base aliada a Beto, subscrevem algumas das emendas. “Pela lógica, teríamos número suficiente para que sejam aprovadas. Se houver coerência, deveremos ter em torno de 30 votos”, afirmou o líder da oposição, Tadeu Veneri (PT).

Na prática, porém, a situação é outra. O governo deve aceitar mudar o trecho relativo aos concursos, amenizar a redução no pagamento das gratificaç­ões e ainda a questão relativa às penitenciá­rias e aos centros de socioeduca­ção, para onde são levados os adolescent­es privados de liberdade. “Do jeito que está, retiram funcionári­os que hoje estão dando aula, colocam em seus locais de origem e, a partir de janeiro, não se sabe como serão contratado­s novos”, criticou Veneri. A “compra” da folga dos oficiais, entretanto, que o petista vê como regulariza­ção do bico, será provavelme­nte mantida.

“Uma das emendas que nós apresentam­os é no sentido de trazer o abono permanênci­a, que era a partir dos 30 anos, já aos 25, momento em que o policial pode se aposentar proporcion­almente ao serviço prestado. A outra é para retirada de um gatilho vinculando o não débito de pagamento de gratificaç­ão para a realização do concurso. Portanto, deixando que apenas as exigências normais, como disponibil­idade financeira, sejam mantidas”, explicou Amaral. Segundo ele, mediante as alterações, o PL deve passar sem problemas.

“Temos de racionaliz­ar ao máximo os recursos, pois nos próximos três anos ainda teremos um período de muita dificuldad­e”, ponderou o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PSB). De acordo com o parlamenta­r, todas as medidas propostas e mantidas são positivas. “Nenhum direito está sendo retirado. Só estamos criando incentivos para a permanênci­a [dos policiais] no serviço. Temos a consciênci­a de que o que estamos fazendo é muito bom. As [demais] emendas buscam criar condições ainda melhores, mas temos de trabalhar com a disponibil­idade financeira.”

Curitiba -

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