‘Entregas colaborativas’ chegam aos aplicativos
Startup londrinense lança o ‘Cabenocarro’, que conecta pessoas que precisam fazer o envio de objetos e viajantes que estão a caminho do mesmo destino
Quando o empresário Marlon Pascoal foi fazer um “mochilão” e precisou do RG, que tinha ficado em Londrina, foram várias as ligações até que ele conseguiu que o documento fosse remetido por transportadora até Campo Grande (MS). Era final de semana, o empresário estava com pressa e, então foi preciso uma van levar a carteira de identidade até Corumbá, onde ele estava. O serviço ficou caro.
São situações como essa que fizeram ele e seu sócio, JP Albuquerque, a pensar em uma alternativa mais rápida e prática para o problema de transporte de documentos e objetos. E a solução está nas estradas: sempre há viajantes indo para diversas direções, e com um espaço sobrando no porta-malas, ou no porta-luvas. Por que então não utilizar esse espaço para fazer o envio de objetos? Ganham os dois lados: quem tem uma encomenda para enviar consegue um meio muitas vezes mais rápido e barato de fazêlo e quem faz a entrega acaba ganhando um subsídio para a sua viagem.
Assim, Pascoal e Albuquerque criaram o “Cabenocarro”, aplicativo de “entregas colaborativas” que conecta pessoas que precisam enviar encomendas e viajantes que farão o mesmo caminho. O valor do serviço é calculado pelo aplicativo com base nas dimensões do objeto e da distância do trajeto, mas os sócios estimam que as entregas sejam, em média, 60% mais baratas.
O aplicativo oferece seguro para objetos de até R$ 2 mil. Para se tornar um “viajante” do aplicativo, o usuário precisa informar dados pessoais, enviar uma foto do documento pessoal (CNH) e vincular seu perfil ao Facebook e a um número de celular. Aos usuários, também cabe avaliar os viajantes. Assim, é possível saber quem faz um bom trabalho ou não.
Segundo Pascoal, as entregas colaborativas são algo que já aconteciam de maneira “informal”, através de grupos nas redes sociais, por exemplo. “Queríamos só formalizar e jogar em uma plataforma.” Além de mais rápida e barata em alguns casos, a entrega colaborativa diminui o volume de carros nas ruas e, consequentemente, a poluição e o consumo de combustível.
Em uma semana, o app londrinense conquistou cerca de 200 usuários. Um deles é Bruno Palhano, que tem uma empresa de assistência técnica da marca Apple. Regularmente, ele precisa fazer o envio de placas de iPhone e Macbook para uma terceirizada em Curitiba. Enviar pelo serviço postal demoraria 24 horas, sendo que pelo app as entregas costumam chegar no mesmo dia. Como o serviço oferece seguro, Palhano diz ficar despreocupado quanto a extravios, por exemplo. “Se fosse para extraviar, iria extraviar de qualquer jeito.”
ÚLTIMA MILHA
A “entrega colaborativa” vem também preencher um grande lacuna das empresas no setor de transporte de produtos, que é chamada de “última milha” - o trecho entre o Centro de Distribuição da companhia e a casa do cliente. “Usamos a colabora- ção entre pessoas, que é a nova economia colaborativa, cadastrando pessoas de bem que podem ganhar dinheiro otimizando sua rota habitual”, afirma João Paulo Camargo, CEO da EuEntrego, aplicativo de entregas colaborativas.
Para ele, o transporte en- tre cidades já possui, muitas vezes, uma “malha madura”, o que não acontece na última milha. “Se você olhar para a cidade como um todo, sempre tem alguém indo para a mesma direção.” O valor do frete, no fim, fica em média 15% mais barato, afirma o CEO.
Usamos a colaboração entre pessoas, cadastrando pessoas de bem que podem ganhar dinheiro otimizando sua rota habitual”