Universidades particulares têm primeira retração em 11 anos
Segundo o MEC, em 2016 instituições privadas tinham 6,05 milhões de estudantes matriculados, 16,5 mil a menos do que em 2015. Redução dos contratos do Fies e crise econômica são principais fatores apontados por representantes do setor. Queda deixa o País
Pela primeira vez em 11 anos, o número de alunos na rede particular de ensino superior caiu no Brasil. Em 2016, as instituições de ensino particular tinham 6,05 milhões de matriculados - 16,5 mil estudantes a menos do que no ano anterior. Para representantes do setor, a queda se deve à redução dos contratos do Fies (Financiamento Estudantil) e à crise econômica no País.
Os dados constam em resumo do Censo da Educação Superior 2016, divulgados nesta quinta-feira (31) pelo MEC (Ministério da Educação). Estavam cursando o ensino superior no ano passado 8 milhões de estudantes, sendo que a rede privada concentra 75,3% das matrículas. As instituições de ensino registravam aumento desde 2006 - quando tinham 3,6 milhões de alunos.
Já as universidades públicas mantêm praticamente estável o número total de alunos, com 1,99 milhão de matriculados no ano passado - um aumento de 1,9%, em relação a 2015. No entanto, a rede pública registrou queda de 0,9% no número de ingressantes em cursos de graduação, com 529,5 mil novas matrículas em 2016, 4,8 mil a menos do que no ano anterior.
O aumento de ingressantes nas graduações a distância segurou a queda de novos alunos no ensino superior. A modalidade teve um aumento de 21,4% nas novas matrículas, passando de 694,5 mil estudantes em 2015 para 843,1 mil no ano passado. Os ingressantes que optam pelo ensino a distância já são 28,2% do total - em 2006, a proporção era de 10,8%.
“Oqueevitouumaqueda ainda maior de novos alunos e de matriculados foram os cursos a distância. Eles não são contemplados pelo Fies e têm um público em uma faixa etária mais velha. Quem ficou de fora da faculdade foi o aluno que terminou o ensino médio, aquele que iria ingressar num curso de bacharelado presencial”, disse Sólon Caldas, diretor executivo da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior).
PARANÁ
O Paraná tem 23,3% de taxa de escolarização líquida, índice que define o percentual de jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. O Estado ostenta a quinta posição no ranking nacional de matrículas em cursos presenciais. Em 2015, eram 390 mil estudantes, número parecido com o do Rio Grande do Sul, de 396 mil, o quarto colocado. As três primeiras posições são ocupadas por São Paulo (1,7 milhão), Minas Gerais (667 mil) e Rio de Janeiro (573 mil).
Dois terços dos 390 mil universitários paranaenses estudam em instituições particulares. Já a rede pública tem 129 mil estudantes. As sete universidades estaduais concentram a maioria deles: 71 mil em 333 cursos de graduação. O secretário da Seti (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), João Carlos Gomes, ressaltou o crescimento dos cursos de pósgraduação. “Nossa prioridade é a verticalização do ensino superior no Estado. Tivemos aumento de 90% na oferta de mestrados e doutorados nos últimos seis anos”, relatou.
Gomes lembrou ainda que o Paraná concentra a maior proporção de estudantes em universidades estaduais do País. “São Paulo tem cerca de 160 mil alunos nas estaduais, com uma população de cerca de 40 milhões de habitantes. Já o Paraná, com 12 milhões, tem cerca de 95 mil”, comparou. Ele citou os rankings de qualidade que colocam as universidades paranaenses entre as melhores do Brasil. “Temos cinco universidades consolidadas e duas que estão em adiantado processo para também chegar ao mesmo patamar das outras”, referindo-se à Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) e à Unespar (Universidade Estadual do Paraná).
Os cursos presenciais mais procurados pelos estudantes do Paraná, em 2015, na rede privada foram direito (47 mil matrículas), administração (29 mil) e engenharia civil (15 mil). No primeiro semestre de 2017, a média geral do valor das mensalidades ficou em R$ 969. O curso de engenharia civil apresentou mensalidade média de R$ 1,4 mil, seguido por agronomia e arquitetura e urbanismo, ambos com R$ 1,3 mil. O curso, entre os mais procurados, que teve a menor média de mensalidade, foi o de pedagogia (R$ 568).
Na modalidade de EAD (ensino a distância), o Paraná ocupa a terceira posição no País, com 101 mil estudantes, atrás apenas de São Paulo (264 mil) e Minas Gerais (135 mil). O curso de pedagogia liderou a procura, com mais de 25 mil matrículas registradas, seguido por empreendedorismo (8.926) e administração (8.425). Em termos de evasão, o EAD tem 7% de alunos que abandonam o curso na rede pública e 28% na rede privada. Já no presencial, são 25% na pública e 15% nas particulares.
O que evitou uma queda ainda maior de novos alunos e de matriculados foram os cursos a distância”