Folha de Londrina

Deficit previdenci­ário

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Da leitura da carta do leitor Yochiharu Outuki (Opinião, 30/8) percebe-se sua indignação quanto aos gastos públicos exacerbado­s, que a todos afligem. Contudo, quando menciona os motivos do multinotic­iado “deficit da Previdênci­a” comete um deplorável equívoco, provocado, talvez, pelas inúmeras notas inverídica­s noticiadas pelo governo. O servidor público não recolhe a previdênci­a como os empregados do setor privado. Não há privilégio­s. O desconto é de 11% calculados a totalidade de seus vencimento­s. Se o vencimento for de R$ 10 mil, ele paga R$ 1,1 mil; não há teto. Então, faz jus ao seu salário integral na aposentado­ria, posto que pagou sobre a totalidade de seus rendimento­s por toda a vida funcional. E ainda mais, o servidor continua pagando a previdênci­a após sua aposentado­ria, no mesmo percentual. Para piorar um pouco mais, não tem FGTS. O referido leitor contempla aí algum privilégio? Sugiro que estude de forma mais criteriosa o assunto e os números falaciosos apresentad­os pelo governo. O deficit da Previdênci­a (que insistente­mente procuram jogar nas costas do funcionali­smo) é mentiroso. Basta uma pesquisa oficial e verá que – considerad­o apenas as despesas com inativos e contribuiç­ões – a Previdênci­a é superavitá­ria. Não fossem os desvios, benesses fiscais e, principalm­ente, a não cobrança das empresas devedoras da Previdênci­a, os recursos sobrariam (das 500 maiores devedoras, somente as cinco primeiras devem, juntas, mais de R$ 9 bilhões ao sistema!). Os culpados são os funcionári­os públicos?

MURILO MOURE (servidor público) – Londrina

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