Franquias de clínicas populares proliferam por todo o País
Empreendimentos oferecem consultas, exames laboratoriais e de imagem a preços mais acessíveis
Estabelecimentos que realizam consultas e exames médicos a preços mais acessíveis e sem mensalidade, as clínicas populares entraram em processo de franchising, intensificando ainda mais sua expansão pelo País. Essas clínicas oferecem exames laboratoriais e de imagem e consultas de diversas especialidades atuando, de maneira geral, com a ociosidade da agenda dos médicos.
A ABF (Associação Brasileira de Franchising) não tem números de redes de clínicas populares especificamente, mas acredita que o segmento de serviços médicos, em geral, teve aumento devido a essas franquias. O número de redes de franquias na área médica cresceu 25% no primeiro semestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016, passando de 20 para 25 redes. O número de unidades nessas redes também teve incremento: eram 374 unidades de serviços médicos na primeira metade do ano passado, contra 449 no primeiro semestre desse ano – aumento de 20%. Essa redes faturaram R$ 163,4 milhões nos primeiros seis meses de 2017, com crescimento de 33,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o faturamento foi de R$ 122,8 milhões.
Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), há 67 clínicas populares em todo o Estado, que atendem cerca de 2 mil pacientes ao dia. “Esses estabelecimentos se propagaram não só no Paraná, mas no País inteiro em consequência do caos econômico do Estado”, comenta Luiz Ernesto Pujol, secretário-geral do CRM (Conselho Regional de Medicina) do Paraná. Para ele, a situação econômica debilitou não só a saúde financeira da população, mas também sua saúde física, devido ao estresse e à insatisfação. “Quando o Estado não tem condições de suprir todas as necessidades, o que cabe ao povo são os planos de saúde suplementar.”
No entanto, os encargos obrigatórios encareceram os planos de saúde, diz Pujol, em parte devido ao avanço da tecnologia que tornou os tratamentos e procedimentos mais caros. “Para manter tudo isso, os planos de saúde suplementar tiveram que elevar a cobrança, e a população não consegue pagar. Algumas empresas viram nisso um nicho de mercado.”
Para Luís Rodrigo Milano, presidente em exercício da Fehospar (Federação dos Hospitais do Paraná), as clínicas populares são resultado de um movimento natural do mercado, surgindo como alternativa aos planos de saúde. “O movimento é proporcional à crise e à perda de usuários da saúde suplementar.” Com a crise se alongando, Milano afirma que as clínicas populares são um segmento que tende a crescer e a se perpetuar, atendendo pacientes que não têm doenças crônicas, não precisam gastar com saúde todos os meses, mas precisam de atendimento imediato ocasionalmente.
GANHO DE ESCALA
Para Fabiana Estrela, diretora regional da ABF, depois da crise, as clínicas populares permitiram que as pessoas que antes tinham conquistado poder aquisitivo a ponto de terem um plano de saúde “top” - fizessem um “downgrade” de serviços médicos com atendimento “digno”. “Se abriu um mercado importante que é uma clínica perto de casa, com médicos tão bons quanto de grandes hospitais e com um valor que posso pagar”, ela comenta.
Com o sucesso das clínicas populares, os empreendedores viram nelas uma oportu-
nidade de ter ganho de escala através do processo de franchising. “É um nicho que o
pessoal encontrou e viu que, se gerenciado de maneira diferente, como um negócio, e com o paciente como cliente, é possível ter um resultado legal e replicar isso também”, diz Fabiana. “As pessoas precisam de um serviço de qualidade com acesso mais fácil a especialistas, o que não tem no SUS.”
Segundo ela, houve também demanda dos próprios
profissionais de saúde que têm viés empreendedor. As redes e franquias de clínicas populares também cresceram quando os empreendedores perceberam que não é preciso ser médico para ter um negócio de saúde. “Como é um negócio, o gestor não precisa ter formação na área de saúde. Ele pode ter um diretor técnico da área”, explica a diretora.
As pessoas precisam de um serviço de qualidade com acesso mais fácil a especialistas, o que não tem no SUS”